Ashaninka

Eles eram milhares e milhares espalhados em comunidades em meio a faixa Amazônica brasileira já quase na divisa do Perú.  O povo ashaninka tem uma longa história de contato com o mundo dos brancos, iniciada desde o final do século XVI. Depois da ocupação da Costa e da Serra, os espanhóis conquistam o Império Inca e iniciam sua penetração em direção à Amazônia. Os jesuítas Font e Mastrillo foram os primeiros a estabelecer um contato com os Ashaninka, em 1595. Explorando a Selva Central a partir da cidade serrana de Andamarca, as duas cartas enviadas pelos jesuítas a seus superiores constituem a primeira fonte documentada sobre um grupo de índios Pilcozone, hoje identificado como Ashaninka. Atualmente, encontramos os Ashaninka em território brasileiro no Alto Juruá no Acre. Oriundos do Peru e localizados hoje nas margens dos rios Amônia, Breu, Envira e no igarapé Primavera, a história da ocupação ashaninka na região é, no entanto, difícil de estabelecer com exatidão. As informações da historiografia regional são vagas e fornecem poucas indicações sobre a presença desse povo em território brasileiro. Ao que se sabe os Ashaninka têm uma longa história de luta, repelindo os invasores desde a época do Império Incaico, que desceu pela floresta já fugindo da invasão espanhola, até a economia extrativista da borracha do século XIX e, particularmente entre os habitantes do lado brasileiro da fronteira, combatendo a exploração madeireira desde 1980 até hoje. Povo orgulhoso de sua cultura, movido por um sentimento agudo de liberdade, prontos a morrer para defender seu território. Os Ashaninka não são simples objetos da história ocidental. É admirável sua capacidade de conciliar costumes e valores tradicionais com idéias e práticas do mundo dos brancos, tais como aquelas ligadas à sustentabilidade socioambiental. Preservam rios e florestas e combatem os exploradores de minérios e madeiras. Uma Rodovia que ligará Brasil ao Peru ameaça a área de maior biodiversidade da Amazônia e as terras dos Ashaninka...

Benedito José Rodrigues
Enviado por Benedito José Rodrigues em 03/06/2023
Reeditado em 03/06/2023
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