Sempre fui de paixões fulminantes, platônicas, amores correspondidos e não correspondidos. Aos 18 anos me apaixonei por um amigo mais velho. Foi uma paixão forte, platônica e não correspondida. Foi dolorido porque andávamos sempre juntos e ele era educado, gentil, enchendo meu coração de esperança. Hoje sei que era apenas amizade mesmo, pelo menos da parte dele.
Essa paixão foi embora quando conheci Vado, meu amor bandido, que merece um capítulo apenas para falar dele e ele terá. Mas foi aos 27 anos que conheci meu único grande amor. Conheci Eliseu na lendária boate gay brasiliense New Aquarius e foi amor a primeira vista. Em quarenta minutos paqueramos, conversamos, nos beijamos e ele me pediu em namoro. Ele era a tampa da minha panela e combinávamos em tudo. Quando teve a passeata dos caras pintadas em Brasilia para tirar Collor do poder, fomos juntos de mãos dadas em um ato de rebeldia dupla. Eliseu era alto, destemido e não tinha medo de nada. Por que terminou? Em um momento da relação fui pressionado a dar passos que não consegui. Fui covarde e não tive coragem de bancar o nosso amor. Se eu me arrependo? Muito. Como eu gostaria de encontrá-lo hoje e me retratar. Não ter lutado pelo nosso amor é um dos grandes arrependimentos que tenho na vida.
Depois de Eliseu outros amores vieram, fiz loucuras, loucuras foram feitas para mim e a vida é assim: nunca para e estar sempre em movimento. Não me casei e nem tive filhos. Foi uma opção consciente. Com a tragédia que foi o casamento dos meus pais, acho que fiquei traumatizado. Decidi que sempre seria livre em todos os sentidos. Hoje moro sozinho mas não sou solitário e convivo muito bem com minha solitude. Amei e deixei de amar, traí e fui traído, chorei, sorri, gritei, sussurrei, fui romântico, fui frio e cheguei a conclusão que não consigo dividir minha casa com ninguém. Não tenho paciência e uma certa dificuldade em ceder. Um dia talvez pague pelo meu egoísmo e por não ter valorizado quem realmente me amou. Espero que minha solitude não vire solidão.