Quando o delicado fere

Descobriu uma novidade: uma pétala de flor corta como a lâmina de uma navalha,

a carne enfraquecida pela saudade, por um remorso, uma total falta de querer viver.

Era assim que se sentia de vez em quando; solto no ar, a vida sem razão de ser.

E vinha sem motivo ou com motivo, tanto faz, porque o que vale mesmo é o mundo

interior. Quando não se tem paz na alma qualquer brisa corta a pele, fura os nervos e

dissolve os ossos.

Mas o limite da alma não é o mesmo do corpo. e a confusão mental pode vir de um

sentimento qualquer; é aquele momento em que todas as portas e janelas do ser estão

abertas para a vida, parece assim como uma máquina fotográfica captando um momento,

e registrando na fotografia. A mente da gente parece isso. E não controlamos as portas e

as janelas que se abrem e fecham aparentemente sem um motivo, mas motivo há, só não

é percebido pelo corpo. Se o corpo registra tudo que se passa com ele é porque a alma

recolhe qualquer emoção. Pode ser dor física, dor moral, um corte real ou imaginário.

O Sangue da alma há de ser mais sutil e escapa mais rápido da ferida que não se vê,

nunca se fecha ou talvez se feche, sem agente perceber; por isso que uma música pode

nos machucar como outra lâmina de outra navalha.

Quando as coisas delicadas estão nos machucando , melhor parar de viver, sentar

numa pedra , na beira do caminho e chorar até tudo parar. Lavar a alma e prosseguir tentando

ser melhor , nem que seja muito pouco, que o momento anterior.

A vida só tem começo, não tem fim.

Edeilton
Enviado por Edeilton em 02/06/2023
Reeditado em 11/06/2023
Código do texto: T7803992
Classificação de conteúdo: seguro