Mamãe e o caso do "Aiai, meu Deus"
Quando eu era criança ouvi de minha mãe Georgeta muitas histórias sobre sua infância e juventude, mas como naquele tempo eu não anotava quase tudo saiu da minha lembrança.
Sei que ela ficou órfã de pai aos três anos, foi criada pela mãe, minha avó Joana. Eram pobres mas naquele tempo, a pobreza era menos complicada e endividada que nos dias atuais. Havia outras pessoas morando junto, inclusive mulheres, não sei se primas ou o que. Está tudo esquecido. Ela tinha irmãos e era gêmea, mas a outra menina morreu cedo.
De qualquer forma havia mulheres que tinham o hábito de bocejar falando "Aiai, meu Deus!". Ora, mamãe era uma criança então, e sabemos como crianças são imitadoras.
Mamãe estudava em colégio de freiras. E uma vez, em plena aula, bocejou, naturalmente levando a mão à boca, e falou alto: "Aiai, meu Deus!"
Aí sim foi um Deus-nos-acuda.
Quando lembro disso fico imaginando o carão que ela levou. Ela me contou mas já esqueci os detalhes.
Mas dou como certo que nunca mais minha mãe bocejou dizendo "Aiai, meu Deus!"
nas fotos: mamãe com a cadelinha Boneca, um xodó. A outra foto foi minha mãe quem tirou, mostrando também a Boneca.