SOU NORDESTINO

Um colega recantista, instou-me a ser mais isento ao analisar o quadro atual do meu Estado e de meus conterrâneos governantes e governados.

Sou filho de um Alagoano, radicado no Recife a partir dos dezenove anos de idade e de uma Carioca, trazida para o Recife aos cinco anos de idade, portanto posso dizer, com todas as letras, que sou um Nordestino raiz.

Recifense, Pernambucano e Brasileiro (nessa ordem de importância).

Pernambuco tornou-se o paraíso do “já fomos”, “já tivemos”, “antigamente” porque com o passar do tempo, perdeu os sensos de autodeterminação e rebeldia, os quais foram combatidos pelas “autoridades” desde o primeiro Império.

Por conta da nossa altivez, perdemos os terrenos que hoje são o Estado das Alagoas e a parte da Bahia na margem esquerda do Rio S. Francisco que eram parte da Capitania de Dom Duarte Coelho Pereira.

O Exército Brasileiro, nasceu em Guararapes quando expulsou os holandeses.

A primeira manifestação de independência foi proclamada em 10/11/1710, no senado de Olinda, por Bernardo Vieira de Melo (oitenta e dois anos antes do sacrifício de Tiradentes, o mártir da Inconfidência Mineira).

O pioneirismo sempre esteve presente em Pernambuco.

Fomos os primeiros a ter ponte, zoológico, jornal impresso, observatório astronômico, biblioteca, escolas superiores, fomos líderes mundiais em produção de açúcar.

Fomos os primeiros brasileiros a estudar nas universidades da Europa e por conta dessa característica de não se submeter às autoridades alheias à nossa realidade, fomos pródigos em revoluções.

Mas pecamos ao adotar o sistema feudal em redutos através do coronelismo que ainda hoje mantém a população sob a mira de arma e controlada através da distribuição de água e alimentos.

A agricultura de subsistência é a causa primordial da miséria em região semiárida, tanto por conta do terreno cristalino e do lençol freático salobro como pela imprevisibilidade de períodos chuvosos.

A proposital perda de qualidade das nossas escolas e o desmantelamento das famílias adotadas como objetivo de governo desde que os generais deixaram o Planalto, associada à ganância e incapacidade gerencial dos políticos fizeram de Pernambuco um local de falta.

Não temos ensino de boa qualidade capaz de habilitar para o trabalho, para despertar habilidades artísticas, para incremento do turismo que poderia ser, como em diversos países do mundo, a principal fonte de renda para o Estado, devido à riqueza do nosso folclore, das tradições culinárias, da nossa música e das belezas naturais que, ainda, não foram degradadas.

As indústrias tradicionais saíram do Estado e as novas como a de derivados de sangue humano, que consome mais de um bilhão de reais por ano, estão só no papel desde que o PT assumiu o poder em 2003.

Faltam-nos planos de metas, estradas férreas ou rodovias, linhas de distribuição de água, incentivos fiscais para a iniciativa privada e, principalmente, pessoal competente para tomar decisões e gerenciar os resultados.

A preocupação dos governantes é a manutenção da miséria, da dependência aos programas sociais para manter a população eternamente em débito com os ícones do subdesenvolvimento defendidos pelos herdeiros de Miguel Arraes, que como se diz à boca miúda foi o melhor governador do Ceará enquanto ocupava o governo de Pernambuco.

Ele conseguiu fechar fábrica de cerveja numa terra em que o sol brilha os trezentos e sessenta e cinco dias do ano e os termômetros raramente estão abaixo dos 25ºC.

Faz um ano que eu estive no Recife e pelo que vi pude constatar que a cidade está mais decadente do que Havana de Cuba, que sofre o desgaste do passar do tempo desde 1959, graças ao regime comunista que foi implantado por lá e que querem nos impor.

Não dá para usar meias palavras ou arranjar justificativas, a responsabilidade de estarmos econômica e socioculturamente decadentes é dos governantes graças à pachorra dos governados.