Manhã

O rádio-relógio toca o alarme.

Eu, para variar, já estou desperto desde as cinco da manhã tentando não me mexer muito e nem fazer barulho pra Lee dormir bem.

Ela acorda, noto em seu semblante algo triste. Pergunto.

"Sonhou com o que?"

"Pesadelo... Estava numa lanchonete, em pleno dia do hambúrguer e não havia carne."

Na hora não segurei o riso, mas ato contínuo entendi a carga econômica e emocional do que aquele apelo inconsciente emanava.

Cerro o cenho. Por mais niilista que sou, tenho ética.

Coloco Chico Buarque pra tocar, engulo meu mau-humor e tento ser um cara legal na medida do possível.

Para citar Palahniuk, no Clube da Luta a personagem principal é de uma geração apagada. Porém hoje, estamos numa "pós-pandemia" (haja aspas nisso) e um discurso bélico de um mundo que pretende ser multipolar num cenário que qualquer um que tenha dois neurônios funcionando sabe que a paz armada é uma grande bobagem. Uma única bomba hoje e tchau tchau humanidade.

Pra não dizer que não falei de flores, hoje é sexta-feira. Sorria, amanhã será pior.

Até.

Rodrigo Margini
Enviado por Rodrigo Margini em 02/06/2023
Código do texto: T7803579
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