Manhã
O rádio-relógio toca o alarme.
Eu, para variar, já estou desperto desde as cinco da manhã tentando não me mexer muito e nem fazer barulho pra Lee dormir bem.
Ela acorda, noto em seu semblante algo triste. Pergunto.
"Sonhou com o que?"
"Pesadelo... Estava numa lanchonete, em pleno dia do hambúrguer e não havia carne."
Na hora não segurei o riso, mas ato contínuo entendi a carga econômica e emocional do que aquele apelo inconsciente emanava.
Cerro o cenho. Por mais niilista que sou, tenho ética.
Coloco Chico Buarque pra tocar, engulo meu mau-humor e tento ser um cara legal na medida do possível.
Para citar Palahniuk, no Clube da Luta a personagem principal é de uma geração apagada. Porém hoje, estamos numa "pós-pandemia" (haja aspas nisso) e um discurso bélico de um mundo que pretende ser multipolar num cenário que qualquer um que tenha dois neurônios funcionando sabe que a paz armada é uma grande bobagem. Uma única bomba hoje e tchau tchau humanidade.
Pra não dizer que não falei de flores, hoje é sexta-feira. Sorria, amanhã será pior.
Até.