CDA E O DIA DA MULHER
Prof. Antônio de Oliveira
Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu nome de batismo ou de cartório /
Um nome... estranho.
Assim inicia Carlos Drummond de Andrade o poema “Eu, Etiqueta”, um retrato social de seu e, ainda, parcialmente do nosso tempo, hoje com novos gravames. Muito embora alguns reclames CDA não relacionasse hoje, pois em baixa de oferta e demanda. Lenço, relógio (substituído pelo celular, chaveiro (continua souvenir barato), gravata, cinto e suspensório. Escova de dentes e pentes continuam como brinde. Copo, xícara, toalha de banho e sabonete ostentam nome de beldades e jogadores famosos.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos (hoje seriam tênis), são mensagens, letras falantes, gritos visuais, ícones, ordens de uso, abuso, reincidência, que fazem de mim homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada.
Estar na moda, negação da própria identidade em favor
de marcas registradas e logotipos do mercado.
– E onde fica nisso tudo o Dia da Mulher?
No meio do caminho tinha uma pedra...
Mundo, mundo, vasto mundo.
Mundo rima com Raimundo, mas não é uma solução.
Hoje é o Dia da Mulher.
Dia de questionar o Rei Mercado, a moda.
Finalmente, recorrendo a outro grande “fingidor”:
“O poeta é um fingidor / Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
(P.S. : publicada com atraso por problemas técnicos)