O QUE ADIANTA TER MEDO?
Nossa fragilidade é maior que nosso medo ou somos uma casca de ovo diante do destino, do inevitável?
Ninguém se curva a uma aceitação da ordem natural, seja qual for, embora inarredável seu desfecho imutável.
Ninguém nem nada mudará isso, nunca. Da mesma forma que somos finitos. Por isso a infinitude esperançada, sempre.
O mundo medieval tardio restou em conhecimento aplicado, um novo conhecimento da reconstituição da antiguidade. Devemos aos monges copistas a preservação desses conhecimentos greco/romanos que escaparam da destruição dos vândalos.
O contraste entre o sofrimento e a alegria, entre a adversidade e a felicidade, parecia mais marcante. As ritualidades geravam respeito, não só casamentos, nascimentos e mortes. Não se banalizava a honra, era defendida com a vida.
Aretino fez surgir esse meio farto de tornar pública a circulação de ideias e a própria imprensa. Era a exteriorização da mente individual como condição da cultura manuscrita. Nessa linha Rabelais e Cervantes. Em razão desse avanço Aretino ficou conhecido em sua época como “ Flagelo dos Principes”.
A humanidade caminha tropeçando em suas fraquezas, nada altera essa fobia que encapsula o temor, o medo, nas entranhas do ser humano do que vai acontecendo no mundo. Romanceadamente, assim creio, ou não, para razões hipotéticas que não superam a realidade, prevalece o egoísmo, a cobiça e notadamente a inveja de Caim, na plataforma bíblica que não vai além da criação humana, ainda que inspirada, pretende-se, nas raízes divinas. Parece que Friedrich Nietzsche tinha razão, somente pelo mal se chega ao desejado, contrariando São Tomás, para quem “o mal não é necessário”.
Na oralidade, com seriedade e algum respeito, somente a doutrina do Homem/Deus ecoa; Jesus de Nazaré.
Não adiante ter medo desse desconhecido, massacrante e impossível de distinguir realidades, tanto agora, como em futuro nebuloso, onde se trincam valores, quebram-se conquistas éticas seculares, desfigura-se a honra desonrando o que já foi honrado como instituição. Não há mais lei respeitada, ritos, éticas, regras, normas, enfim, decência litúrgica.
Apaguem-se as reservas da boa vontade e da correção, o importante é estar com e no poder, a qualquer preço.
Não adianta ter medo do que se processa às vistas inermes da assistência dessa procissão sem freios ou medidas hígidas. Não existem salvadores. Jesus não salvou, quem salvará? Cada um de nós tem que se salvar do medo, E VIVER.