Ratos de praia
Na década de oitenta saímos de são Paulo, em clima de festa para curtir um feriadão. Destino: Arraial do Cabo – município do Rio de Janeiro.
Éramos em dois casais. Não conhecíamos o local de destino. Daí a nossa ansiedade. Depois dos quatrocentos quilômetros da Dutra estávamos na avenida Brasil – RJ. Porta de entrada da cidade pra quem vem de São Paulo. Passeamos um pouco por Copacabana e Barra da Tijuca. Praias que parecem um sonho de tão lindas. Tudo estava indo bem, a cidade era realmente maravilhosa, como é conhecida aqui e no exterior.
Depois atravessamos a ponte Rio Niterói – um espetáculo da nossa engenharia, nem sei quantos quilômetros de ponte sobre o mar. Imagino que mais de dez.
Logo estávamos na estrada que nos levaria ao tão desejado destino – Arraial do Cabo. Chegando armamos a barraca. Naquela época era permitido acampar bem próximo da praia. Estava anoitecendo. De repente caiu um temporal. Corremos pra dentro da barraca e lá ficamos até o amanhecer-choveu a noite inteira. Estávamos tranquilos-nosso fusca estava estacionado ao lado da barraca. O que poderia acontecer? Não passou pela nossa cabeça qualquer perigo. A noite foi tranquila – brincadeiras e jogar conversa fora até pegarmos no sono.
Ao amanhecer uma surpresa – haviam cortado a borracha do vidro traseiro do nosso carro e por ali entraram e fizeram uma limpa em nossos pertences. Não ouvimos nada. Roeram em silêncio, ou dormimos demais!
Certamente eram roedores seletivos – as calcinhas das nossas companheiras estavam espalhadas pela praia, formando um rastro do crime. Só levaram as coisas de maior valor; roupas de banho, calças Jeans, toca-fitas e jaquetas. Pra nosso azar, havíamos deixado também nossas carteiras e bolsas com dinheiro no interior do carro. Que tristeza! Foi como deixar queijo para os ratos...
Frustrados e sem saber o que fazer, fomos a delegacia prestar queixa. Para nosso espanto os policiais disseram. “Não tem nada que possamos fazer, a não ser registrar um boletim de ocorrência. Os ratos são muitos nesta região, e se escondem onde nunca os encontramos.”
Cabisbaixos, resolvemos de comum acordo que o melhor era voltar pra casa sem curtir as praias do Arraial e as de Cabo Frio. Caso decidíssemos ficar teríamos que comprar novas roupas de banho, além de conseguir alguém para recolocar o vidro no nosso fusca. E cadê o dinheiro? Felizmente a Edna, a única a levar a bolsa pra dentro da barraca tinha algum dinheiro, com o qual pagamos a gasolina e o pedágio na volta.
Aí acabou nosso feriado, colamos um jornal e um plástico no lugar do vidro e pé na estrada, de volta para São Paulo...