Depois de uma noitada
Ele voltava para casa vazia naquele final de semana, tão absorto em seus pensamentos, que mal notou que faziam 15 ºC com o céu azul e sem nuvens. Frio e logo o sol acanhado pareceria, clima final de festa ou final de velório mesmo. No início daquele dia ele também se sentia um estúpido, tolo, palerma, mentecapto, parvo e todos os outros sinônimos possíveis ou neologismo.
Tampouco ele havia notado que era um amanhecer de domingo, e só se deu conta a esse fato quando ele viu uma fila de formiguinhas que os transeuntes apressados compunham ao seu redor antes mesmo de entrar em sua casa. Curioso, ele sempre olhava para vitro trincado da janela de seu ninho, e pesava: Aqui era tão feliz, não precisava de aventura porque aquele pedaço de oásis no meio da barulhenta cidade era seu recanto de amor.
De repente, ouve-se um ruído vindo lá do quarto, seus olhos agradeceram pela luz mais branda de seus pensamentos, será ela que voltou? Então sentiu que algo o espiava. Foi traído pelo vigilante da emoção por alguns minutos até que olhou de volta para os pequenos olhinhos que o fitavam de dentro das sombras. Parou e aprecio a realidade, era o dengoso Raul o gato que ela esqueceu de levar.
Observa lá fora aqueles passarinhos despertando para novo dia, refletiu sobre a vida naquele momento: às vezes é preciso sair da sua rota para enxergar uma nova possibilidade.