À vocês, especialmente a você Deyler
À vocês, especialmente a você Deyler
A noite começava a despejar sobre a Terra suas cores escuras, manchando o horizonte que teimava em preservar os últimos ramos dourados do Sol, de matizes arroxeadas, mesclados de vermelho e laranja.
Chegava suavemente aos meus ouvidos o som dos sinos de alguma Igreja distante conclamando com as badaladas um ritmo cadenciado, para a prece da Ave-Maria.
Era a hora crepuscular. O momento quase místico que traz aos nossos corações, quando a ele podemos nos entregar, uma sensação indecifrável de paz, um quê de infinita nostalgia, uma paradoxal saudade de um tempo que almejamos alcançar, mas que a ele ainda não chegamos.
Dominada talvez pela magia daquele instante, fui deixando meu pensamento sem rédeas vagar em direção ao passado.
E então, muitos momentos de minha vida foram sendo resgatados do ontem e tornando-se presente em minha memória. Era como se eu fosse folheando um velho álbum de retratos e diante de cada foto, relembrasse com nitidez, momentos carregados de significância.
E neles, nesses instantâneos que se reproduziam à minha frente, vocês, cada um de vocês, foram surgindo diante de mim, trazidos por recordações que reproduziam instante vividos.
Cada vez mais mergulhado em reminiscências, pude perceber como vocês foram importantes com suas presenças em lances, uns, às vezes, tão singelos, mas sempre tão marcantes, na minha história de vida.
Envolta em emoção incontida, quase sem perceber, fui evocando as personagens bíblicas, cobertas de signos perenes, perpetuadas pela narração dos Evangelistas: Marta, Madalena, Cirineu, Arimatéia, Verônica. a Samaritana, João ...
Como cada uma destas figuras que, para todo e sempre, marcaram com suas ações , o Novo Testamento, vocês, cada um de vocês, deixaram sinais indeléveis na minha caminhada: um estender de mãos, um sorriso de ternura dissipando tristezas, uma palavra de alento, um gesto desinteressado de amizade, um aceno de esperança...
E entre todos os que foram surgindo à minha memória, você, foi a presença mais forte e constante.
Talvez na espontaneidade de suas atitudes, você nem tenha a consciência de quanto foi importante para nós.
Quantas vezes resolveu problemas, apontou direções, proporcionou alívio à situações aflitivas, assim como buscou proporcionar lazer e alegria, em momentos outros.
Todas essas lembranças foram aflorando diante de mim, naquela tarde inesquecível. A razão? Não sei responder. Mistérios da vida! Mas tudo isso foi-me levando a constatar o quanto de verdade existe na proposição de que “o importante não é o que vemos, mas sim como vemos” os acontecimentos, os fatos, as pessoas...
E mais uma vez, fui deslocando meu pensamento, de forma imperceptível, para as páginas bíblicas, ao relembrar seus gestos, sua preocupação em ajudar, sua presença amiga sempre marcante em nossa vida, e descobrindo a identificação com aquele que o Cristo apontou para seus apóstolos e para toda a posteridade como o modelo do verdadeiro próximo, daquele que assume em gestos concretos o sentimento transcendental, da solidariedade fraterna: O Bom Samaritano.
Hoje, quando a vida no seu desenrolar através do passar dos anos, tem nos proporcionado tantos acontecimentos inesperados e complexos, ao lembrar-me dos dias de outrora, desejando expressar-lhe todo o meu reconhecimento, venho lhe oferecer, com simplicidade , o que possuo de mais puro e mais forte: minha oração ao Senhor da Vida em sua intenção – pedindo a Ele que você encontre sempre, junto àqueles que você ama e que também tanto bem lhe querem, a Paz interior, que aqui na Terra é a garantia de Felicidade.
A você Deyler Goulart Meira, o Bom Samaritano de nossa existência , o meu agradecimento.
Eda Basson Meira