DO MAL SEM TRÉGUA

O poder sacode guizos jogados de lado,

arranca das sombras suas garras famintas,

revira a alma do avesso sem dó.

É víbora peçonhenta e cruel,

rolo compressor que não respeita chãos,

faca afiada sedenta por carne nova.

De fora parece manso e rouco,

dá até pra afagar sem medo,

dá até pra achar que faz bem.

De dentro é engrenagem aflita,

turbina multifacetada de horror,

deixa Deus de cabelos em pé.

O poder esgarça a fé, destitui a razão,

deixa as vísceras da vida em pandarecos.

Desse mal nunca nos livraremos,

vamos nos curvar à sua sombra eternamente,

vamos padecer no seu colo sem trégua,

sem consolo, sem perdão.

 

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 28/05/2023
Código do texto: T7799103
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