Curta
Observo a garota que anda distraída na rua falando ao celular. É um dia quente. O semáforo fica vermelho para os carros e então atravesso a rua. Vou até o sebo onde troco livros e discos e saio com um trocado, menos que o esperado, mas melhor que nada.
Volto à rua e paro num boteco de um conhecido. Bebo um copo com água da torneira e uma cachaça.
É fim de semana, nem é preciso consultar o calendário, o semblante dos transeuntes do centro da cidade já não carrega aquela tonalidade cinza e triste e sim aquele ar de alegria de no fim do dia poder ir para onde e com quem se deseja fazer o que quiser.
Enquanto continuo divagando, caminho em direção ao apartamento da minha namorada que, neste momento, está trabalhando. As ruas e o entorno do quarteirão do prédio estão em obras. Desvio de alguns buracos e máquinas até a entrada. Lá, abro a porta do quarto-sala e Felix, o gato, dá um salto e mia. Encho a cumbuca de ração e troco a água e areia do bichano. Aproveito a oportunidade e tomo um banho demorado. A pressão da água do chuveiro é ótima e estou sozinho.
Renovado, arrumo um pouco da bagunça aqui e acolá, checo se as janelas estão trancadas, as luzes apagadas e saio. Desço as escadas ouvindo Donald Byrd nos fones de ouvido pra evitar o ruído das britadeiras no asfalto.
O sol a pino e meu estômago que ronca me lembram que é hora do almoço.