Sem azedar, sem virar vinagre
QUANDO envelhecem, algumas pessoas ficam tristes, arredias e às vezes advém o desalento e, não raro, a depressão. Há, inclusive, as que azedam e viram vinagre.
Concordo, por experiência própria, que o envelhecimento gera limitações, achaques e muitas complicações, além, óbvio, de impedir a prática de alguns divertimentos e até prazeres.
No entanto, envelhecer não é castigo mas algo absolutamente normal. Detalhe: não impede ninguém de amar, ser cidadão e nem tentar ser feliz. Por que não viver de boa no envelhecimento? Dom Helder dizia que devíamos envelhecer como os vinhos, nos tornando melhores. Estava certo.
Não, não concordo que os idosos se fantasiem de jovens. De jeito nenhum. Nem tampouco que escondam a idade. Mas podem e devem ser úteis, amar, viver o que lhes resta de vida sem medo de ser feliz.
Na vida não fiz fortuna, não ocupei altos cargos, não estive no poder, apenas vivi com dignidade, numa espécie de Lorena digna. Fui bancário por mais de trinta anos e minha querida esposa professora por mais de vinte e cinco anos. Conseguimos apenas comprar uma casa velha em Pesqueira e um apartamento velho no Recife. Firmamos duas filhas, uma médica é uma advogada. Acho que fui e estou sendo feliz na vida.nunca fui amargo e nem entreguei os pontos, mesmo sendo asmático crônico e um homem sem poder e nem fortuna. Não virei vinagre. Graças a Deus. Vida que segue. William Porto. Inté.