POLITICAMENTE CHATOS; O RETORNO

Lá pelos anos hoje antigos de 1980, a gente escutava a Baby Consuelo (depois Baby do Brasil) cantando todo dia era dia de índio.

Só que não pode mais. Dia do Índio virou Dia das Nações Indígenas, por que é incorreto chamar de índio (e me criei chamando assim).

Também estão querendo reescrever livros como E o vento levou e toda a obra infantil de Monteiro Lobato, para tirar as expressões racistas. Logo, toda a Bíblia vai ser reescrita (pensa no trabalho que vai dar!)

Talvez só se coloque uma longa nota de rodapé para apontar as expressões consideradas ultrapassadas, mas pensa na chatice que a Bíblia e os livros vão virar! Por que nota de rodapé é um pé no saco de quem lê. Felizes foram as editoras que colocaram as notas de rodapé no final dos capítulos ou dos livros.

Machado de Assis também entrará na tesoura, apesar de ter sido considerado um autor à frente de seu tempo.

Com todo respeito aos politicamente corretos, mas essa onda revisora, pra não ofender gregos ou goianos, é um retrocesso que nossa arte não merece. A Bíblia e os outros livros citados foram escritos em outra época, em um outro contexto, mas sua integridade não pode e nem deve ser mexida para não se perder a essência das obras primas que são.

Por que não educar os adolescentes, que falam dez palavrões a cada oito palavras que proferem? Mas aí a família empurra a responsabilidade pra escola (de educação sucateada, com professores desmotivados ante as exigências do cargo em contraste com a péssima remuneração), a escola espera que os pais eduquem enquanto que estes muitas vezes criam verdadeiros monstros birrentos que não podem ser contrariados. E depois de tudo isso? Nada se resolve e os futuros adultos birrentos hão de surgir.

Mexer em obras que já se tornaram patrimônio público é algo que seus autores não merecem. Que tal uma professora com boa comunicação pra informar aos novos leitores ou ouvintes que essas obras foram escritas em outro tempo?

Tudo bem. Não tem professora pra fazer isso, por que estas estão sendo muito exigidas e pouco valorizadas. Já é muito querer que continuem sendo professoras e professores em situações tão adversas.

Mas eu, Claiton Scherer, cidadão chato pensante penso que essa revisão politicamente chata é desnecessária. Tudo bem uma nota explicando que aqueles textos foram escritos em uma outra época, num contexto histórico diferente. Vai atravancar a leitura, mas em alguns casos faz-se necessário.

Mas reescrever essas obras primas para ficar dentro do que é politicamente correto, é um exagero.

Por que ninguém revisa a música que nossos adolescentes estão cantando e propagando, com suas letras que depreciam a mulher e o ato sexual?

Se bem que no caso de algumas pérolas da nossa música atual, seria caso de apelar para a censura... E esta eu abomino.