Saí antes que me expulsassem

Frequentei, por muitos anos, uma denominação religiosa, pensando que comungava da fé no mesmo Deus da instituição e de seus membros. Sempre tivemos divergências, sempre convivemos bem. Até que, a partir de 2016, comecei a perceber que nossos deuses eram diferentes: eu sempre adorei a Jesus Cristo, e assim permaneço até hoje. A igreja, como quase todas as evangélicas, dobrou seus joelhos em adoração ao deus Bolsonaro.

Sermões, postagens em redes sociais, artigos "doutrinários", seminários, difundiam a ideia de que Bolsonaro, e suas ideias fascistas, eram a salvação para o país. Começaram as retaliações a pastores e outros oficiais que ousaram se pronunciar contra a idolatria bolsonarista.

Até que, ano passado, em sua reunião chamada de "Supremo Concílio", a Igreja Presbiteriana do Brasil aprovou pautas que iam desde campanhas contra a "ideologia de gênero" (seja lá que diabos seja isso!), passando pela limitação do papel das mulheres na instituição, até, pasmem!, a criação de rito processual para expulsão de membros que fossem considerados "comunistas".

Tenho a consciência limpa, por ter sempre pregado o Evangelho (claro, que já errei muitas vezes) diante daquela igreja, em diferentes oportunidades e locais - assim continuo, através de meditações que envio diariamente a várias pessoas. Mas, por combater a participação de Igreja em embates político-ideológicos, fui taxado de várias coisas pejorativas. Antes de ser expulso, porém, pedi minha exclusão do quadro de membros da Primeira Igreja Presbiteriana de Rio Verde.

Não sou idólatra, não dobro meus joelhos diante de nenhum outro deus, que não Jesus Cristo!

Não pactuo com a pérfida mistura Estado-religião, que só causa estragos em toda a sociedade, através de perseguição moralista e hipócrita.

Peço a Deus misericórdia para com as igrejas presbiterianas, que se tornaram um dos mais fervorosos redutos fascistas do país, a começar por sua liderança. E sinto pena de minha mãe, por permanecer fiel a Deus, mas ainda comungar na mesma igreja, com esperança de mudança.