O INVERNO VEM AÍ

Dias piores virão. Levantar pra trabalhar fazendo menos dois graus, com a geada branqueando os gramados, vestindo tantas camadas de roupas que para tirá-las para tomar banho - e há quem enforque - já se garante a ginástica da semana.

Odeio extremos. Frio de renguear cusco. Calor de fritar ovo no asfalto.

Sou fã do outono e da primavera, com temperatura mais amena. Embora nem sempre tenhamos isso, pois o que acontece, dadas às circunstâncias do que o desmatamento nos legou, é frio de gelar ou calor de sauna.

Mas há um período no ano que dá pra apelar pra um cobertor sem precisar juntar todos os edredons do armário. Amo esse período. É no friozinho que os gatos se achegam e que dá vontade de descolar um cobertor de orelha pra chamar de meu. Sem os extremos de pé gelado ou abdômen suado, que espantam qualquer tentativa de tesão.

Já morei em Blumenau, cercada de morros, onde o abafamento era uma constante, apesar de ser mais arborizada do que nossa cidade de São Pedro.

Conheci Belém do Pará, onde os compromissos são agendados para depois da chuva, que por lá cai toda hora.

Morei por um curto período no interior de São Paulo, terra seca e muito quente.

Mas nada supera o frio do Sul, que com certeza vai chegar com tudo a partir de maio.

Menos mal pra gente, que, apesar de reclamar muito, tem uma casa pra morar e um ou vários cobertores pra aquecer. Praqueles (neologismo permitido) que tem ar condicionado, eu tiro meu chapéu.

Bom pra eles. Pior praqueles que pouco tem e sofrem os rigores do inverno na pele.

Que o inverno que por aí vem seja pleno de solidariedade por aqueles que muito pouco ou nada têm.