A r c a b o u ç o

ACHO que não se deve, nem falando e nem escrevendo, usar palavras e expressões que a maioria das pessoas desconhece. Um dos grandes escritores brasileiros em todos os tempos, Graciliano Ramos, escrevia claro e enxuto sem usar palavras difíceis, ele detestava essa prática pretensiosa e babaca. Revisor do Correio da Manhã, certa feita encontrou num texto de um medalhão da ABL a palavra “outrossim”, detestava essa palavra, então pegou o lápis vermelho e riscou a palavra e escreveu na margem: “Outrossim é a puta que o pariu”. Dizem que também detesta “destarte” e outras palavras alopradas e termos em latim.

Tudo bem, o velho Graça era meio radical e intolerante com os elitistas da língua. Tinha esse direito porque escrevia claro e enxuto, sem usar palavras desconhecidas pela maioria dos leitores. Fico pensando no que ele diria hoje sobre o uso a três por quatro pelos economistas e pessoal do governo da palavra “arcabouço”. Não tenho dúvida que repetiria o que disse sobre a palavra “outrossim”.

Sinceramente, não sou contra o projeto do governo, torço para dar certo, mas acho o termo arcabouço uma babaquice. Melhor seria chamar esqueleto ou simplesmente proposta. William Porto. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 21/05/2023
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