Sopa de Letrinhas
DIZIA Graciliano Ramos que a palavra não devia ser usada para enfeite mas apenas para dizer. Aconselhava também quem escreve a fazer o ofício como fazem as lavadeiras de Alagoas (fazer com as palavras o que as lavadeiras faziam com as roupas). Ele foi um perfeccionista na arte de escrever. Era também um cidadão que dizia o que pensava, sem se omitir e nem se esconder,
Ficou seu exemplo. Quanto a nós, respondo apenas por mim, acho impossível escrever como o Velho Graça. Sou apenas um mero e acanhado aprendiz. No entanto, dentro das minhas limitações, tento ser independente e Franco. Sem omitir o que penso e nem desrespeitar a opinião de ninguém. Acho que cada cabeça é um mundo. Devemos debater no campo das ideias, mas sem subterfúgios e nem nos escondendo, camuflando nossa identidade para defender o indefensável. Por que esconder quem somos? Para que ficar patrulhando anonimamente o escrito dos outros?
Nada tenho de pessoal contra quem quer que seja, mantenho um constante debate com pessoas que pensam diferente de mim. Fazemos isso de boa e democraticamente. Somos democratas.
Vou continuar a fazer minha humilde e rala sopinha de letrinhas, sem querer ser dono da verdade e sem esconder a minha identidade. Muito menos servir de capacho para terceiros. William Porto. Inté.