O que vi da vida
Analisei inúmeros filmes e neste processo de análise descobri a importância da história. Ela nos envolve e nos leva há diferentes interpretações.
A partir deste momento cheguei à conclusão de que a minha vida é um filme onde não há dublês e tudo é real, fere o corpo e marca a alma. Tenho convicção de que o filme “O Anônimo” nunca chegará aos cinemas e muito menos se tornará um campeão em bilheterias, mas isso não importa, pois esta é minha história, é real e no mais tudo muda, até mesmo as convicções.
O filme da minha vida se inicia no dia 24 de novembro de 1988, o dia escolhido para o meu nascimento.
Tive uma infância difícil, passei por momentos arrepiantes. Vivenciei o confronto com pedófilos ou “monstros” que viviam à minha volta, pessoas que sem piedade violaram a minha imagem angelical de criança e, em nome do desejo, destruíram meus sonhos. Quanta dor.
Na escola sempre me perseguiram, fizeram de mim um ser triste, neurótico, ansioso, excluído e repudiado. Não sei o porquê, mas sempre fui diferente dos outros da minha idade, era um jovem clássico, hilário e ao mesmo tempo medroso, tímido e solitário. Quantas foram as vezes que me perguntei: “O que leva um ser humano a destruir a vida de outro ser igual?”.
Quantas foram as vezes que fui espancado, humilhado e violado por ser simplesmente o Dhiogo que sou.
Queria saber do que são feitas essas pessoas que, de forma monstruosa, destroem a vida de seres que querem bravamente viver?
Eu e inúmeras outras pessoas fomos, e ainda somos, vítimas de uma perseguição plenamente injusta.
Você já parou para pensar “o por quê”?
Não!
Eu já vivi as marcas de uma perseguição totalmente injusta. No decorrer da vida, encarei essa cruel realidade e sobrevivi. Hoje busco defender pessoas que, como eu, foram estigmatizadas pela dor de um simples bullying.
Você deve ter ouvido falar dessa palavra, mas você sabe o que é sofrer bullying? Você sabe o que é ser humilhado, isolado, espancado, marcado e profundamente excluído pela sociedade ou por grupos sociais?
Será que vale a pena destruir uma história, uma pessoa que simplesmente quer ter o direito de viver como você?
Quem são esses que dão vida para a famosa palavra do século XXI: bullying? Esses agressores merecem a nossa compaixão, precisam de toda atenção, pois até matam para se tornarem populares.
Mas quem são as vítimas desses monstros? Posso dizer que são simplesmente seres humanos. Viver a dor de uma perseguição injusta é um estigma que fica registrado na alma.
Com propriedade digo a todos os agressores que nós, as vítimas, queremos simplesmente viver as nossas vidas, por isso respeito as diferenças do outro. Não desenvolva uma visão etnocêntrica das pessoas que vivem à sua volta.
Seja humano e se coloque no lugar das pessoas que sofrem a dor do bullying, assim você verá, ou melhor, sentirá na pele a dor do abandono, da exclusão.
Afinal, uma palavra pode marcar a história de uma pessoa por toda a sua existência.
Sentia-me um velho preso em um corpo jovem, um filósofo nato e um ser humilhando por natureza. Sempre tive medo de me envolver com os outros, pois tinha bastante medo das perversidades que estavam guardadas dentro do outro.
Nas noites solitárias sempre voltava para a minha escrivaninha, e lá poematizava a vida, o outro, os meus medos e os monstros que me cercavam. Todo sofrimento era transformado em poemas e crônicas.
Sempre morei com os meus pais, cercado de inúmeras pessoas, de superproteção, mas passei grande parte da vida confinado pela solidão que espreitava a minha alma.
Ao longo da minha vida sempre busquei analisar o mundo e o porquê de tudo...
Na busca do meu eu, sempre me voltei ao mundo gótico, sinistro, exótico e mórbido. O nada me inspirava a entender o tudo que coabitava aquele espaço.
Em suma, analisando o meu filme que nunca ninguém viu ou ouviu, busco de forma pragmática descrever o enredo da minha memória história. Mas, afinal, mesmo descrevendo de forma precisa posso concluir que sempre serei um enigma e nem eu mesmo conseguirei compreender o verdadeiro sentido do meu existir.