Sacudindo a poeira e tando volta por cima........

Um copo cheio de água é a única inspiração do dia. Palavras escorrendo goela abaixo escuta o apito da escola no quarteirão da sua rua, aulas presenciais no último bimestre.

Atravessa quarteirões com sua roupa justa e o sol batendo no pedaço de rosto, nas costas, braços, colo. De repente, respingos de chuva bêbados prenunciando o verão.

Nesse mês meio doído da estação de inverno.

Algumas dúvidas carregam suportáveis restos.

Seu olhar segue pelas avenidas. O moço passa por ele, sem máscara. “Essa gente sem proteção”. Sente-se um estranho querendo julgar as pessoas.

Envolta nessas intrigas, faz uma rápida filmagem artesanal das horas em que chorou e prossegui.

No boteco da esquina, uma confraria sagrada de homens, bebe cerveja. Passa por perto.

A chave do portão enfia na fechadura. Reabre suas intenções. Falta pouco, muito pouco pra ele segurar o tempo. Banho frio relaxando nuca, libido acesa descendo por todo o corpo. Afaga seus cabelos brancos numa lentidão proposital.

São sete horas da noite. O vendedor de abacaxi interrompe sua escrita. “Duas por oito reais, docinhos”. Compra. Ele, que nem gosto de abacaxi. Mas o moço tinha razão.

Vai dormir ao som imaginário de um show ao ar livre.

Desperta sem hora marcada sem correria sem frenesi.

Quando a fumaça do café se espalha pela cozinha, vira o privilegiado arrumando o desjejum de tudo o que ele gosta. Uma luz natural atravessando a janela e a porta, um vulto de um senhor e assusta pelo vidro da mesa. Era ele.

Agora o tempo de abraçar as pessoas queridas voltou, se pode conversar com máscaras, ou sem com sorrimos nos olhos. Há lirismo nesses dias despedaçados.

Jova
Enviado por Jova em 17/05/2023
Código do texto: T7790349
Classificação de conteúdo: seguro