O LUAR DO MEU SERTÃO
Uma linda viagem ao deslumbrante e amado sertão, casarão alpendrado com enorme terreiro de onde se avistava, ao amanhecer, um longínquo cercado com enormes árvores frutíferas, gigantesca oiticiqueira e o deslumbre do balanço da vegetação provocado pelo vento que encantava cada pedacinho do bonito lugar. À tardinha, a beleza do pôr do sol por detrás dos arvoredos, um lindo espetáculo gostoso de se ver. À noitinha, alumiada pelo crepúsculo incandescente, o espaço tornava-se palco de divertidas brincadeiras de crianças e do encontro de vizinhos para uma divertida noite com agradáveis conversas, piadas, anedotas e histórias engraçadas ao som dos acordes da sanfona e do violão, ambiente iluminado pela claridade da pequena fogueira de galhos secos, reaproveitados das brocas no preparo da terra para o próximo plantio. Na ocasião era sempre servido um cafezinho, chá ou aluá. O cenário agradável e contagiante, o céu encoberto de estrelas brilhantes e encantadoras, tornava aquele lugar único. A lua cheia se fazia notável pela magnitude de sua beleza. Postava-se à frente com tamanha grandeza que reluzia num belo dourado que incitava a imaginação de belas narrativas de fábulas e contos. A lua, o luar, a madrugada, o encontro, namorados, pensamentos, sonhos, desejos, melancolia, pedidos, espera, canto, poesia, poetas e o magnetismo do amor traduzia-se ali como uma magia. As nuvens abriam-se como onduladas cortinas brancas para o show acontecer, o céu escurecia para deixar brilhar com maestria o espetáculo. O sol escondido dava passagem para a estonteante coruja passar. O orvalho respingava sobre o verde campo e nas lindas flores espalhadas pelo vasto quintal, podia-se sentir o viço da natureza. A brisa espalhava o inebriante perfume e a vida parecia sorrir para todos. O encanto da maravilhosa noite do meu fascinante sertão, hoje, guardado na memória e na simplicidade de uma velha, rasurada e rabiscada fotografia.