O pior cego é o que não quer ver

Por muitos e muitos anos eu fui o pior dos cegos. Enquanto frequentei e participei ativamente de uma instituição religiosa (parte, inclusive, de seu Conselho), fiz muita força para não ver o que ocorria naquela célula e na instituição como um todo.

Fiz de conta que a participação da Igreja Presbiteriana do Brasil no Golpe Militar fora uma infeliz página em sua história, da qual ela se arrependera de ser cúmplice.

Quando companheiros de células faziam piadas homofóbicas, racistas ou preconceituosas, inclusive nos púlpitos, fazia de conta que não entendia bem. Quando pastores engrossavam coro ao discurso "bandido bom é bandido morto", enganava-me a mim mesmo: isto é coisa somente deste pastor, não da instituição.

No fundo da alma, pensava eu que aquilo tudo era um engano, e que melhoraria com o tempo. Fiz de conta que não enxergava o cenário cada vez mais caótico, opressor, fascista da instituição. Sua liderança nacional (fascista e corrupta), hipocritamente, dizia não apoiar ninguém, mas vive a emitir notas e discursos contra o "comunismo".

O pior cego é o que não quer ver. Ainda bem que as vendas que me cegavam caíram de meus olhos!

Joaquim Lutero
Enviado por Joaquim Lutero em 16/05/2023
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