VOLUME REVELADOR
Adoro observar as pessoas, especialmente no transporte público, do qual sou usuário frequente. Fico imaginando o que fazem da vida, a idade, para onde estão indo ou de onde estão vindo. Fico também tentando vasculhar seus pensamentos, especialmente aqueles mais íntimos e pouco revelados. Algumas mulheres chamam atenção pela beleza que meus mais de 30 anos de casados "impedem" de ir além da mera observação discreta e minuciosa. Mas aquela moça era diferente. Devia ter em torno de 25 anos, cabelos soltos e um leve perfume que atiçava instintos já domados. Olhos azuis lindos e uma boca carnuda que dava gosto. Vestia uma blusinha justa, delineando um par de seios convidativos. Fui fazendo a minha identificação de campo, deliciando a cada detalhe radiografado e deixando a imaginação ir pra onde bem quisesse. Foi quando notei algo estranho, um volume na região da virilha que denotava algo fora do combinado. Meus olhos puderam perceber o que havia lá, era algo que revelava o tom original daquela criatura, algo oposto da imagem bela e sedutora que chamou a minha atenção. Algumas pessoas nascem de um jeito e a vida as faz mudarem de script para se tornarem o que a alma mais queria ser. Sorte delas. E eu voltei à minha busca inocente e descompromissada do que as pessoas são. Ou parecem ser.