Consciências XXVII
Amores incondicionais
Acho que o meu primeiro amigo de estimação foi um coelho, antes de me mudar com a minha família, de Araxá para Bicas, ambas em Minas Gerais. Ainda na cidade onde nasci e vivi até 1994, lembro que o meu pai apareceu com uma linda Maritaca que chamamos de Madonna. Então, além dela, ganhamos de presente um cachorrinho, mistura de pequinês com vira-lata, que demos o nome de Pluto. Ele foi de carro conosco na viagem de mudança. Tenho a lembrança de ter ficado com medo dele, chegando a subir no sofá na casa da minha saudosa avó paterna, vó Dedê, provavelmente no ano de 1995. Depois disso, foi amor o sentimento que prevaleceu em nossa relação. Madonna morreu tragicamente, em 1997 ou 1998. Uma chuva forte e a nossa negligência resultou em seu falecimento precoce. Eu chorei junto com a minha mãe na hora do almoço, horas depois de termos encontrado o corpinho dela, caído no chão. Pluto também sentiu a partida de sua amiga. Então, ele se foi em 2006. Foram 11 anos de parceria, de um carinho incondicional. Guardo dele, além da alegria de me ver e, especialmente o meu pai, de sua presença nas nossas memoráveis partidas de peteca, tendo o varal como rede e o quintal como quadra, naquelas tardes morosas de 2004 até 2006; de quando eu tomei coragem e o levei para passear depois de muitos anos negligenciando esse ato. Teve uma vez que se soltou da coleira e apareceu um cachorro bem na frente dele, com o dobro do seu tamanho. Começaram a latir um para o outro e se não fosse por um garoto que estava por lá e que segurou o cachorrão na hora, eu não sei o que teria sido do meu Pluto. Continuando, em 2008, ao ir morar na república de estudantes onde o meu irmão mais velho já se encontrava, conheci Ágata, sua gatinha de estimação. Antes dela, tive uma experiência com outra bichana e não foi muito tranquila. Mas com a Ágata, foi um encontro imediato de caminhos, ela em sua vida de preguiça, comida, miados, carinho, caças ocasionais e lambidas. Eu, com o meu (ainda) suave calvário de excêntrico marginalizado, de pacato cidadão habitante do Reino de Casa. Ágata se mudou de Juiz de Fora, onde nasceu e a conheci, para Bicas, em 2010, onde se encontra até hoje ao meu lado. Me lembro de uma escapada dela que durou quase um mês e me fez desacreditar que voltaria um dia. Pois em um sábado à noite, quando passava aquele filme Close, na televisão, ela reapareceu toda suja e resmungona, para alívio geral. Nesse conturbado ano de 2022 de "meu deus", ela fará 16 anos. Cada dia, semana, mês a mais com ela junto a nós é para ser comemorado. Também considero como quase de estimação, os cachorros de um amigo que tenho em Juiz de Fora. (Bem, o ano já é "2023" e realmente torço para que essa minha pequenina continue a brindar sua vida por muitos anos mais...)