Agricultura familiar e invasão de propriedade
O PRONAF – Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar – foi criado em 1996 durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
Eu convivi com dezenas de agricultores que foram beneficiados pelo programa nos seus primeiros anos de funcionamento e esporadicamente tive contatos com eles nos anos posteriores. Na época o teto de financiamento de custeio era de R$ 4.500,00.
Conheci também nas feiras livres um pouco do trabalho de diversos outros agricultores que entraram na atividade mais recentemente.
O que existe de comum entre esses agricultores é que eles eram originários do campo ou entraram na atividade dispostos a trabalhar muito. Os que agiram assim tiveram sucesso, compraram terras, máquinas e melhoram o nível de vida.
A atividade rural não é para amadores. Quem está acostumado a trabalhar um número de horas fixas, receber adicional por horas extras ou trabalho noturno, tirar licença médica sempre que se sentir cansadinho e exigir mordomias do patrão, não consegue sucesso como proprietário rural.
Só quem não conhece o campo ou é demagogo acha que basta dar uma pequena área de terra para alguém para ele se tornar um “produtor rural”.
Ao contrário dos trabalhos urbanos, onde o trabalhador consegue ficar numa atividade por muitos anos mesmo não gostando dela, no campo isso não acontece.
O proprietário de terras que pretende viver de sua produção, não tem hora e nem dia para descanso.
Por isso e por outros fatores, o valor do produtor de alimentos, seja ele pequeno, médio ou grande deve ser conhecido e reconhecido pela Sociedade.
Porém, atualmente está se usando o artifício de chamar a atenção para a importância da agricultura familiar, ou seja, ela está sendo usada como cortina de fumaça, para justificar o injustificável: INVASÃO DE PROPRIEDADE É CRIME.
Esse fato pode até ser ignorado pelos que deveriam combater essa agressão a Sociedade, mas ela continua sendo crime.
Para piorar, parte da população fecha os olhos para e até aprova a “lamina que rasga sua carne”.
Se essa parcela da população tivesse a mínima noção de Direito veria que além do crime de invasão propriedade, por ela ser feita de forma coordenada adquire o contexto de terrorismo.
“Terrorismo é o uso de violência, física ou psicológica, por meio de ataques localizados a elementos ou instalações de um governo ou da população governada, de modo a incutir medo, pânico e, assim, obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, incluindo o restante da população do território.”.
Não concordar com um crime cometido na área rural não implica em desvalorizar a agricultura familiar e valorizar esta não implica em concordar com atos terroristas.
Quem não consegue enxergar essa obviedade tem “problema de parafuso”.