SOMOS ÚNICOS.
"As pessoas são únicas". Quem nunca escutou isso antes, eu já ouvi muitas das vezes e li em tantos outros livros que perdi a conta. Às vezes me pergunto se realmente nós somos únicos. Penso na individualidade de cada um, o seu modo de viver, de sentir, de se expressar como pessoa humana. A individualidade de cada ser não deve ser egoísta, voltada para dentro sem se abrir aos outros, sem compartilhar algo e receber também. No entanto, o que vemos atualmente é contrário do que estou falando, cada vez mais o mundo está se fechando em um casulo quase intransponível, não consigo enxergar outra coisa.
Passamos por uma pandemia que ceifou inúmeras vidas pelo mundo, pessoas de várias idades, em diferentes nacionalidades, línguas, sonhos. Foi algo que ninguém esperava, tão pouco imaginava que viesse a acontecer. Um micro-organismo quase alienígena, somente visto em um microscópio, repentinamente, se espalhou pelos quatro ventos. Bastava um "oi", ou uma conversa informal e pronto. Os sintomas confundidos com uma gripe comum, espirros, tosses, mais e mais pessoas contaminadas, febre, enfim. O que deveria desaparecer em alguns dias se prolongou, vieram as primeiras vítimas, surgiu então o medo, a confirmação de algo ainda não visto pela comunidade científica. Pelo menos não da forma que se apresentou.
A nossa existência estava ameaçada, não por bombas ou por armas atômicas, mas, por um pequeno alienígena misterioso. Nosso jeito de viver teve que ser modificado. Fomos confinados em nossas casas, aquele pequeno espaço de tijolo e reboco com portas e janelas passou a representar o nosso universo. Não era seguro sair pelas ruas, ir ao cinema com os colegas, na escola, nem mesmo a caminhada matinal. Passamos a entender o quanto somos frágeis, incapazes. Toda a nossa ciência e tecnologia se dobraram para esse pequeno monstro sem face. Era preciso fazer alguma coisa. Foi estranho ver ruas antes tão movimentadas com filas de carros e gente, correria. Tudo se desfazendo em silêncio.
Passamos a entender que somos únicos? Que a nossa vida é uma pérola preciosa de inigualável valor?
Até o presente momento não existe outro planeta como o nosso por aí no universo, não que eu tenha conhecimento. A vida é importante, preservá-la é essencial. Foi então que as melhores mentes buscaram uma solução dentro do pouco que sabíamos. A solução veio, o Alien foi enjaulado. Porém, a diferença entre veneno e remédio é apenas a dose, essa mesma solução não pareceu tão eficiente assim no seu exagero, talvez sua elaboração aconteceu rápido demais, quem sabe faltou teste mais aprofundados, entretanto, devido aos fatos tempo em desperdício custava vidas. Muito se falou e se fala de tudo o que eu disse, coisas boas e ruins ainda ditas.
Confesso que eu desenvolvi um gosto estranho nesse período de confinamento, o de observar as pessoas ao meu redor, principalmente agora, quando em grande número. No restaurante da fábrica, por exemplo; quantas vezes eu terminei de almoçar e fiquei parado, olhando cada um. O jeito de andar, a roupa que escolheu, o sorriso, a voz, o jeito de conversar, o quanto gesticulam ao falar. Fico pensando na beleza existente na individualidade de cada um, quais são os seus sonhos, se tem filhos, se são casados, se gostam de sair ou se são caseiros como esse que vos escreve. A única coisa que sei é que realmente somos únicos e especiais. Por isso a vida deve ser valorizada em cada segundo e detalhe dessa breve existência sobre a terra.