Gripada
Nunca fui de me achar mimada. Mas tenho certos aspectos que me calham a acharem isso de mim. Não sou da cozinha, tenho um medo considerável de dirigir, minha mãe e sogros me ajudam financeiramente quando o calo aperta. Porém, sou da limpeza, cuido bem do meu marido, pago as contas em dia. Ou seja, quando o calo aperta é realmente fora do meu alcance.
Mas se tem uma coisa que me deixa mimada é quando estou doente. Nesse exato momento, uma sacola cheia de papel com secreção repousa ao meu lado do quarto desde ontem à noite. Já tomei 3 banhos, remédios, dormi, acordei, recebi carinho do marido... Mas reclamo, choro (feito criança, terrível) - aliás, chorei pela morte de Rita Lee... Imensa e dolorosa perda- e fico mole. Até que fiz muito, coloquei a roupa pra lavar, não deixei o amor sem almoço e ainda sugeri uma pizza.
Mas no fundo, queria mais colo. O chá feito por mim não é suculento igual da minha mãe. A pergunta do marido se estou bem, não é tão dramático quanto era de papai.
Retorno aos 8 anos quando tive uma convulsão sozinha e Deus me salvou, ainda não tenho certeza se foi convulsão ou delírio. Mas o 38.9 tava ali. Me dá uma dó de mim mesma. Não minto. Mas daqui a pouco o nariz seca, a voz volta ao normal.
Olho no espelho e os 32 anos estão ali. A Teia de 8 também.