"ENQUANTO SOMOS A MORTE NÃO EXISTE..."

Ontem, eu caí no banheiro e bati a cabeça. Pensei que tivesse sido um desmaio. Mas, não. Eu havia escorregado na lama do meu próprio corpo. Era 5h. Suamos os pesadelos na madrugada. E pelo ralo descem as impressões do dia... Não sem antes me derrubar. "Acordar para a vida" com um baque é bem literal. A dor na cabeça no local do inchaço dizia que eu ainda podia morrer daquilo. Ridículo. Eu estava em observação de mim mesmo. Vigiando os sintomas e controlando a ansiedade. Será que havia acontecido alguma coisa? Sei lá... O lobo frontal teria trocado de lugar com o lobo temporal? Neura, minha. Como podia? As primeiras horas são determinantes para o agravamento dos sintomas. E sempre achamos que não será aquele o dia (era a hipófise liberando endorfina). Mas, é verdade que "enquanto somos a morte não existe". Os nossos passos são sempre em círculo, já notaram? Damos voltas em torno de nós mesmos, como tudo enfim. O segredo de nossa caminhada é viver uma vida devagar. Correr pela sobrevivência é mais primitivo que cerebral. Ops! Esse discernimento é prova de que o hipocampo também não foi afetado. Do trabalho voltarei pra casa e de lá "só sairei morto". Afinal, nunca estamos indo mesmo a nenhum lugar... Ainda mais com essa dor de cabeça, embora de mais reflexo que sensorial.

Misael Nobrega
Enviado por Misael Nobrega em 13/05/2023
Reeditado em 21/10/2023
Código do texto: T7787335
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