ADULTÉRIO EM DOSE DUPLA
No nosso ambiente de trabalho naquela firma de produção de produtos fonográficos transcorria tudo dentro da normalidade. Cada um cumprindo a sua função e o único assunto fora o relacionado ao trabalho era sobre futebol, seleção brasileira e os respectivos times. Até que foi admitida uma funcionária transferida de outra seção para aprender operar uma máquina de produção de CD’s. Vale ressaltar que nesta área já tinha a presença feminina e, portanto, nada de anormal nisto. A nova e bonita recém-chegada certamente não iria se sentir constrangida num ambiente totalmente masculino. Pelo o contrário, mulher, como sempre, era sempre bem-vinda. Principalmente em se tratando de uma pessoa bonita como a tal. E foi isto também que achou o nosso líder, que imediatamente caiu de boca, língua e corpo sobre a nova funcionária, conforme o tempo foi passando. Logo que ela chegou já a tratou com tanta amabilidade e atenção que nesta noite ele torceu para que não acontecesse nenhum problema mais graves nas outras máquinas para que não o tirasse de perto daquela nova funcionária. Afinal, era a sua aluna muito especial naquela noite. Parece que Cupido ouviu suas preces e pretensões. O importante frisar e para resumir a história é bom mencionar que ambos eram casados, tinham suas respectivas famílias e com filhos, diga-se de passagem. Até àquela data nada de anormal entre as famílias de ambos. Estava tudo bom, tudo bem, mas este novo relacionamento jogou água no chope. Porém, conforme o tempo foi passando, pouco a pouco, qualquer um ali naquele horário de trabalho naquela firma percebia facilmente que o relacionamento entre líder e subordinada estava “esquentando” mais do que qualquer uma daquelas máquinas de produção. E o coração humano, quando se sente inundado por um sentimento forte assim entre duas pessoas, dificilmente consegue encobrir certos anseios e vontades, que logo se exacerbam e fogem dos parâmetros, partindo para aquele finalmente que todo mundo chama de cama, aconchego íntimo de um motel. Até uma criança poderia deduzir, após algum tempo deste chamego, deste apego meloso entre este casal, o que eles iriam fazer durante o horário “esticado” algumas vezes da janta. Como cada um tinha o seu carro e a firma era uma ilha cercada de motéis, aproveitar o horário da janta, jogando conversa fora ou jogando baralho isto aquele casal repleto de excitação jamais iria fazer. E sim aproveitar aquele momento de forma muito mais prazerosa. E foi alimentando assim aquele adultério duplo sem que nenhuma das duas pessoas vítimas da traição desconfiasse de nada, pois aquele casal não precisava arrumar subterfúgio para algum atraso em seus respectivos lares, uma vez que agiam sempre na calada da noite, em pleno horário de trabalho. Nas folgas de ambos aproveitavam para descansar um pouco daquela relação ferrenha fora do casamento. Evidentemente que o trato em seus respectivos parceiros ia esfriando na medida do possível. Por falar nisto, um dos exemplos mais nítidos de desfaçatez o autor deste relato percebeu no dia da festa de final de ano da firma. Era aquela confraternização de todos os funcionários quando as apresentações aconteciam com jeito muito dissimulado. Lembro-me que ao cumprimentar a esposa e os filhos do meu amigo líder – sim, aquele mesmo das puladas de cerca – ela se queixou que o marido ultimamente andava muito “distante”, alheio a muitas coisas, num momento em que ele justamente disfarçava em jogar uma partida de vôlei com os colegas e amante. O recado fora dado com todas as letras: ela estava se sentindo rejeitada, preterida, ou seja, traída mesmo. Se ela “jogou um verde” para colher maduro, ou seja, se ela quisesse que eu confessasse alguma atitude extraconjugal do esposo, não conseguiu nada, pois a minha boca sobre este assunto era realmente um túmulo, mas confesso que fiquei até com dó dela. Afinal, uma mulher tão bonita e mãe dedicada, mas repleta de vida, jamais deveria ser deixada de lado assim a céu aberto. Mas é sempre assim, fala-se que a vida apronta cada uma, porém, na realidade o ser humano é quem apronta.