A LEVEZA DO SER
O dia amanheceu com sol claro, o mar convidando, tudo para ser um dia tranquilo.
Depois do café frugal fomos caminhando pois caminhar faz bem, até chegarmos a praia.
Mar tranquilo, calmo e água transparente, tudo compondo uma manhã tranquila naquele dia de abril.
Após a praia fomos almoçar e retornamos. O corpo pedia preguiçosamente um encontro cúmplice com o travesseiro e não nos fizemos de rogados.
Ao entardecer a idéia era uma relaxante caminhada até o farol onde assistiríamos ao por do sol por trás de Itaparica e após o ocaso partirmos para degustar uma deliciosa sopa seguida de um café expresso para então retornaremos e fecharmos a noite com um filme na TV. No entanto o imprevisto aconteceu: Uma transeunte descuidou-se do seu pet um poddle de médio porte cujo pelo branco e bem cuidado chegava a refletir as luzes da iluminação pública.
O animal apesar de dócil como alegava sua tutora partiu em carreira latindo em direção a Vinicius que apavorado começou a gritar, haja vista que em sua condição de autista apresenta aversão a animais, sobretudo cães. Aliás, nem sei ao certo porque os cães atacam pessoas com deficiência, talvez movidos pelo instinto. O fato é que frequentemente isso ocorre e eu e minha esposa estamos sempre vigilantes a protegê-lo visto que ele grita e entra em pânico podendo desencadear uma convulsão.
Com o avanço do cachorro, rapidamente me antecipe a proteger o Vinicius e quase fui mordido pelo animal que logo foi contido pela sua tutora sob afirmações de que ele era manso. Manso, sim, mas quase me mordeu e deixou meu filho descompensado e com o coração acelerado, o que desencadeou a irá de minha esposa que pôs -se a esbrabejar ao que familiares da dona do cão partiram para agressões verbais, com a possibilidade de chegarem as vias de fato, achando-se no direito de que seu animal de estimação possa avançar nas pessoas sem reclamações por parte destas.
O fato é que durante esse entrevero o sol se pôs, a noite chegou, as pessoas começaram a dispersar e aquele poddle agora na coleira foi levado adiante sem se dar conta do tumulto que ocasionou.
Passou nossa vontade de tomarmos uma sopa e um café e retornamos ao hotel indignados. Mais tarde nos satisfizemos com uma pizza com suco e refrigerante que dividimos com os rapazes da portaria.
Assim acabou aquele dia que começou tão bem com o brilho do sol e encerrou de forma imprevista.