Baxmann-Turner Overdrive
Formei minha primeira banda com dois amigos. Beto Marçuli (D), Eric Baxmann (B) e eu Fochetto Junior (G). Aquela tarde de domingo ensolarada (Abril de 1996) foi marcante em minha vida. Eu tinha passado aos meus dois amigos o riff de uma composição que eu julgava ser de minha autoria. Mas décadas depois eu percebi que não passava da linha de baixo do Clemente (B/V dos Inocentes) de "Pânico em SP". Tudo bem, né? Essa sequência não era exatamente exclusividade deles: Hellhammer (proto Celtic Frost) tinha feito algo parecido em "Eurynomos". E uma vinheta da TV Cultura (em 1995) trazia um som bem similar. Ora, ora... Renato Russo não fizera o mesmo com seu "Soldados", usando a linha melódica de "Indepence Day", do Comsat Angels? Eu não creio ser plágio se isso for informado no encarte da demotape do Nuclear Asphalt (por usarmos esse riff no instrumental "1995"). O certo é que Baxmann sugeriu uma variação no riff e daí a coisa funcionou. A gente ensaiou por cerca de uma hora. Depois, nunca mais. Baxmann tinha feito uma letra romântica sobre um amor que perdera e, como eu tinha sido chutado por uma ficante (deixando de lado aqui sua vida vazia, seus hábitos vulgares etc. e tal), meu coração andava ferido. Eu não aceitei, portanto, continuar com o "Black Board Jungle" (nome sugerido por Marçuli para o Power Trio que a gente tentou formar naquela tarde marcante. Essa crônica, aqui e agora, vem para deixar registrado que, por pouco, a gente não chegou a se apresentar num festival (acho que em Ferraz de Vasconcelos) naquele ano. Eu tinha sugerido que a gente tocasse "Summetime Blues", de Eddie Cochran (canção de riffs fáceis, tanto de serem executados quanto de serem assimilados pela audiência). O problema? O problema é que banda tinha sido desfeita (Baxmann parece ter continuado com Marçuli. Eu, que já estava fora, tocava minha vida – sem querer saber de tocar instrumento nenhum. De alguma forma essa crônica não está terminada, mas encerra, em si, a ideia do que eu queria registrar. Essa história, pelo jeito, termina aqui.)