O ATO DE ESCREVER É SEM AVISO PRÉVIO

Como diz Clarice Lispector: Escrever é sem aviso prévio. E veio assim, sem pedir vênia e forçando-me a desistir da minha tentativa de ter a morte do sono, de uma forma ímpeta, voraz, faminta, um furacão na categoria 5, uma força avassaladora da natureza.

Tenho a sensação de que estou escrevendo em transe. Será se sou eu mesma escrevendo ou estou apenas emprestando o meu espírito? Estou sendo usada como Cavalo, ou seja, apenas transcrevendo o que estão me dizendo? Não sei. O que é do meu conhecimento é que as palavras e a inspiração estavam trancafiadas na masmorra da minha mente inquieta, mas de alguma forma lograram fuga por uma frincha e se espalharam no papel, como uma barragem que se rompe.

Elas deram gritos coléricos com a recente liberdade, os corações bombeam sangue novo com o ar puro do lado de fora e agora, resfolegadas e mais calmas... o que vem pela frente? O que seria de mim se elas não tivessem fugido e batido as lindas plumagens? Certamente estaria fríavel, pois escrever tem se tornado uma parte do milagre que me mantém viva.