Certas coisas que passamos ou fazemos na vida, sejam elas boas ou ruins, nos levam com o tempo a ter uma visão diferente do que é ser e ter e do que realmente precisamos para viver. Descobri que durante anos não quis ser, apenas quis ter e confesso que apesar de achar que temos de passar por fases, rememorando algumas ocasiões, sinto que fui um completo idiota. Nós costumamos achar que valemos pelo que temos e somente quando estamos por baixo ou enfrentando alguma tragédia, descobrimos que apenas os verdadeiros amigos, que são pouquissímos, gostam de nós pelo que somos. É libertador quando caminhamos da futilidade para a simplicidade.

         Um dia parei para pensar mais profundamente na vida, olhei em volta da minha casa e percebi o quanto era fútil e consumista. Algumas coisas não tinha nem tirado da caixa e eu havia comprado com a certeza de que era essencial para mim. Demorou um pouco para eu admitir que eu talvez fosse o tipo de pessoa que apenas valia pelo que tinha. Nunca fui arrogante, pedante, mas isso não apagava o fato de que estava claro que nunca tinha me preocupado em ser. Ainda chocado com as novas descobertas, fiz um inventário do meu consumismo e decidi mudar. Como sou espirita kardecista, talvez a espiritualidade tenha sussurrado no meu ouvido: transforme seu consumismo em uma atitude positiva, E deu certo.  Fiz uma limpeza geral e aos poucos fui doando para um bazar de caridade tudo que eu não precisava ou não tinha usado. Foi muito difícil porque somos educados a juntar e não a desapegar. Eu me fazia duas perguntas: Já usei? Há quanto tempo não uso? Doei muita coisa e ao ver tudo nas prateleiras do bazar ajudando outras pessoas a sobreviver, percebi que estava no caminho certo.

          Um parente me perguntou: você está praticando o minimalismo? Fiquei em dúvida. Minimalismo ou simplicidade? Acho que os dois se completam, mas prefiro dizer que estou um ser humano mais simples, mais verdadeiro, menos impulsivo e caminhar para a simplicidade me deixou  mais conectado com os problemas do mundo ao meu redor e mais importante: hoje tenho pessoas mais verdadeiras ao meu lado. A sensação de bem estar que a simplicidade nos dar é surpreendente e quem quiser gostar de mim assim, ótimo, quem não quiser, adeus.

          Assisti um documentário sobre o minimalismo na netflix e apesar de algumas semelhanças, continuo achando que estou caminhando para a simplicidade. Não, não virei um São Francisco de Assis, apenas estou mais leve, mais consciente e dando mais valor as pequenas coisas. Não preciso de muito para me sentir realizado.

José Raimundo Marques
Enviado por José Raimundo Marques em 30/04/2023
Reeditado em 30/04/2023
Código do texto: T7776678
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