Detento desse pecado denominado AMOR.
O eu te amo, dito sem intenção, foi a sentença que nos apisinou. Sim, estamos presos, condenados, e o pior de tudo é que não sou inocente. Eu percebi e senti seu olhar desejoso, poderia tê-lo reprimido, mas não o neguei. Eu o recebi, o acolhi e o fiz brotar em meu coração e lá, no vermelho do meu ser, nasceu, a princípio, uma linda rosa-vermelha. No entanto, não percebemos, que estava envolta por espinhos.
Esses espinhos me fizeram sangrar, nos fizeram sangrar, e a dor dilacera aos poucos. Embora a porta esteja aberta, eu não fujo, muito menos você. E assim somos detentos desse pecado denominado amor. Se o tempo voltasse… será que agiríamos diferente? Nossos olhares se conectariam mesmo se eu não o tivesse acolhido?
Quando nossas mãos, de forma modesta, se tocaram pela primeira vez, sentimos em um milésimo de segundo o calor nos envolver, você não as repeliu, nem eu… Quando nossos ombros se tocaram, paramos! Não queríamos evitar contato, e sim, desejamos que o toque durasse mais. Quando nossos lábios falaram a mesma língua, eu senti o gosto, dos nossos gostos se tornarem um.
E por fim, nossos corpos se entrelaçaram em uma harmonia, cuja melodia impecável se fixou em nossos tímpanos, já não queremos ouvir outros sons, os sons que antes eram nossos, já não nos pertencem mais. Seguimos sentenciados, somos balsamo e carrasco um do outro. Na mesma proporção que nos curamos, condenamos e ferimos outros.
Não temos escapatória. A porta continua aberta, e nós… Nenhum de nós quer sair.
Título, de Kaio Matheus
Crônica Lírica