MATRIX

I started a joke

Which started the whole world crying

But I didn't see

That the joke was on me, oh no

I started to cry

Which started the whole world laughing

Oh, if I'd only seen

That the joke was on me

(Maurice Ernest Gibb / Robin Hugh Gibb / Barry Alan Gibb)

O mundo é um grande picadeiro, já disse alguém certa vez. O mundo é um teatro onde todos estão representando seus papéis, disse outro alguém. Em suma, estamos todos representado algo ou alguém em todos os instantes de nossas vidas. Como já disse o poeta, certa vez, "o poeta é um fingidor... finge tão completamente... que chega a fingir quer é dor... a dor que deveras sente..." e não existe verdade maior do que esta. Estamos sempre fingindo, representando alguma cena. Desde que acordamos até a hora em que vamos descansar. Não vou dizer desde que nascemos, pois aprendemos a representar conforme vamos crescendo, mas com certeza só deixamos de representar quando morremos. E acreditamos tão piamente naquilo que fingimos ser, que em determinado momento fica difícil para nós discernir o que é realidade e o que é fantasia... a nossa fantasia. Sim, porque na realidade, as pessoas não vivem todas no mesmo mundo. Afinal, o que é verdade irretocável para mim não é, necessariamente, a verdade da pessoa que está ao meu lado. Temos alguns parâmetros a seguir, é claro. Isso torna o ato de representar um pouquinho mais fácil. Mas só um pouquinho...

Muito daquilo que vivemos no dia a dia só tem valor se nós o atribuirmos a ele. Pois, em realidade, nada, mas nada mesmo daquilo que está ao nosso redor tem qualquer utilidade se não dermos a ele um valor que mensuramos como real. Mas aí volto a dizer... cada um dá o valor que acha que o objeto ou a ação tem, e não é, necessariamente, uma unanimidade entre o grupo. Porque? Porque cada elemento do grupo é um universo à parte, que sofreu várias influências em sua formação e, por isso, tem a sua forma peculiar... eu diria particular... de ver o mundo. Um mesmo objeto visto e descrito por duas pessoas diferentes, se estiverem em ambientes separados, terá algumas semelhanças, mas as discrepâncias serão bem maiores...

E as divergências estão ao nosso lado a todo instante. A forma como vemos as pessoas, por exemplo... algumas vezes nossa opinião coincide com a das pessoas ao nosso redor... ou ao menos assim parece. Na verdade, se formos comparar as opiniões das pessoas, vamos descobrir que existem mais divergências do que coincidências na forma que cada uma vê e entende cada fato que ocorre durante o dia do grupo. É como eu disse... as pessoas seguem parâmetros para que sua opinião particular não deixe o produto final tão distante do esperado. Mas ele nunca chegará a ser aquilo que foi planejado no início...

Vamos falar um pouquinho das relações pessoais... desde que nascemos estamos inseridos em um grupo. Nossa primeira relação com o mundo é sem dúvida, a nossa genitora. É nosso primeiro contato, físico e emocional, com o mundo "real". Ela nos supre com carinho e com alimento. Cuida de nós, nos fazendo sentir importantes. E o elo de ligação entre nós se torna forte, com o correr dos dias. Mas junto com ela vem também seu parceiro (claro que, algumas vezes, esse resolve não fazer parte desse grupo familiar, mas vamos considerar que ele está fazendo parte, sim), que com o correr dos dias também se torna alguém importante e influente em nossa vida. Veja bem, estou falando de uma situação esperada, uma situação ideal. Nem sempre é assim que ocorre. Algumas vezes o roteiro é modificado, e os atores tem que improvisar suas performances... bem, de qualquer forma, a gente vai aprendendo, no dia a dia, como agir nesse palco imenso... aprendemos que se atuarmos corretamente, seguindo o script a nós entregue, ganharemos recompensas, mas se decidirmos ignorar aquilo que esperam de nós, bem... então com certeza seremos penalizados e teremos que repetir a cena à exaustão, até que aprendamos a forma correta de agir. Conforme vamos crescendo, somos induzidos a escolher entre o "certo" e o "errado". E muitas vezes o conceito é tão abstrato, que temos dificuldade para distinguir um do outro...

É nessa primeira fase que os conceitos e preconceitos são inseridos em nossa programação... sim, pois por mais que não queiramos admitir, desde a mais tenra idade somos programados para agir de acordo com o esperado pela sociedade. Porém, nem sempre seguimos a programação. Os motivos podem ser vários... podemos dizer que, em algum momento, a programação é corrompida e então o indivíduo passa a agir de forma não esperada... ou então, que outra programação foi inserida sobre a original, fazendo com que haja um novo padrão de comportamento. Afinal, embora a família seja a primeira influência sobre o indivíduo, o meio social que o cerca tem um peso maior do que o que imaginamos na formação do caráter da pessoa... em todo caso, uma coisa precisa ficar bem clara... não importa qual programa a pessoa foi instada a seguir... sua programação original, aquela que foi escrita em seu DNA quando ainda estava em formação no útero de sua mãe, esta sempre lutará contra tudo aquilo que não corresponda à sua verdade original. Por mais que você represente seus papéis fielmente, como o mundo espera de você, a sua essência de tempos em tempos aflorará, contradizendo tudo aquilo que você diz e faz no seu dia a dia...

Tania Miranda
Enviado por Tania Miranda em 27/04/2023
Código do texto: T7774492
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