Sutilezas

Piso de leve em minhas saudades e me transporto para o passado.

Sutilezas que habitam minh’alma.

Uma ou outra lágrima rola.

Uma vastidão de lembranças se acumulam.

Em uma caixa está o que foi ruim, o que fez chorar, o que machucou e às vezes machucou tanto que deixou feias cicatrizes.

Estão lá, mas já não doem. Apenas mostram que tive que aprender a duras penas que nem todas as pessoas são boas. Que muitas, apesar de não serem ruins, carregam em si dores e machucam porque precisam exorcizar seus fantasmas.

Em um canto estão os arrependimentos.

Arrependimento por algo que fiz ou não fiz. Por algo que falei ou deixei de falar. Por alguma escolha que fiz ou deixei de fazer.

Os arrependimentos são inúteis e irrelevantes. Não mudam em nada a existência, o presente. Mas estão lá, não arredam pé. Insistem em mostrar que a imaturidade é pura inconstância e que a maturidade não é perfeita.

Noutro canto estão as culpas. Ainda mais inúteis e insensatas.

Culpas que não tive, mas que insiste em se colocar em mim.

Se insistem em ficar ali, que fiquem. Já me libertei delas.

Escondidos bem lá no fundo estão os traumas. Praticamente todos resolvidos, mas estão ali presentes pra que me lembre que de uma maneira ou de outra eu resisti a eles e saí vencedora mesmo que eles tenham doído e causado grandes empecilhos. Mas muitos me deram força para lutar e provar que posso ser vencedora e chegar aonde quiser.

Noutro canto estão as perdas. Algumas doeram tanto que abalou meu ser físico. Mas a dor passou e a vida continuou. E elas ficaram lá pra lembrar que nada na vida é perene.

Ninguém nunca disse que viver seria fácil, mas eu escolhi nascer e viver.

Em outra caixa está o que foi bom. Ali é só festa.

Ela está bem cheia de alegrias, de vitórias, de amores, de amizades, de sonhos realizados ou não, mas que um dia me fizeram viver plenamente.

Sorrio ao ver tanta vida contida ali. Família, amigos, amores que se foram e deixaram recordações de tantos momentos vividos e desfrutados.

Sorrio ao ver os prazeres que a vida me ofereceu, as viagens, os momentos de descontração e confraternização, os bailes da vida…

Ali se encontram as vivências que valeram a pena. Ainda que tenham ficado pra trás, só nas lembranças e saudades.

E é tão bom relembrar e brindar a vida que se foi, mas que encantou, marcou e fez morada no ser.

Vida é movimento e os acontecimentos se sucedem. Bons ou ruins. Mas sempre cheios de lições que levamos pra toda a vida

Quem não aprende com as experiências está fadado a entrar em um círculo vicioso de repetições, sem viver plenamente.

Volto cheia de vida e leveza.

Volto ao presente que é o único momento que realmente tenho para viver e ser feliz.

Vida que segue.

O próximo momento é incerto. O que posso é viver bem este que me foi dado.

Nádia Gonçalves
Enviado por Nádia Gonçalves em 27/04/2023
Reeditado em 28/04/2023
Código do texto: T7774424
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