O Safari
Estou assentado à mesa, tendo à minha frente o meu computador. Pretendia dar término a um trabalho. De repente, algo aguça a minha atenção. Era uma pequena aranha – com um mísero 1 cm de tamanho, se tanto – que passeava. Passeava? Não! Ela estava num safari em busca do seu jantar.
Parei a minha atividade. Queria ver o desenrolar dos acontecimentos. Será que a minúscula aranha conseguiria êxito em sua caçada ao jantar ou, quiçá – devido à louca “Cão Demia” (Essa Pandemia do Cão.) – iria “pedi-lo em delivery”? Elucubrei!
A minha nua parede não estava totalmente despida. Nela pululavam as vidas da predadora aranha e das suas prováveis presas. Devido às desproporcionais medidas entre mim e a aranha, deduzi que a parede da sala teria para ela as dimensões do Deserto de Saara onde eu, o predador, seria o Homem-Aranha em busca do jantar. E minhas elucubrações fizeram-me sentir uma tremenda sede sob o causticante e inclemente “sol do deserto” – sacio-a! A aranha não sentia sede nem o calor do sol, mesmo porque o seu sol era uma lâmpada de gás neon – fria, sem a escaldante quentura do astro-rei!
Em dado momento, constato que algo de novo acontece. Vejo que as suas minúsculas anteninhas se movem frenéticas. Esparjo o meu campo de visão pelo Saara e noto o que a aranha via no “Deserto Parede” – palco do seu Safari: Era uma minúscula mariposa de cor cinza-claro com manchas cinza mais escuro. Era minúscula para o eu ficto Homem-Aranha e enorme para a real e faminta aranhinha.
Aguço a minha visão e pressinto a estratégia de caça empreendida pela aranhinha. Confesso: - Tive um tremendo dó da pequena mariposa, mas não podia e nem queria intervir nas leis da sapiente Mãe Natureza. Diferentemente dos tidos racionais, os irracionais matam para sobreviver – mas, nunca pelo mórbido prazer de matar. Os tidos irracionais agem com mais racionalidade que os “racionais”. Lamenta-se que o homem não aja com a racionalidade atribuída aos irracionais. O mundo seria bem melhor se os racionais usassem – nas suas destrutivas ações – a “irracionalidade” dos tidos animais.
Mas, deixemos de papo. Vejo a mariposa nos ‘palpos de aranha’ na tentativa de fugir (Não sou sádico – devo explicar!) do papo da aranha! A minha caçadora se aproxima da presa. E lá vai ela, pé ante pé (Ops! Patinhas ante patinhas, tá?) se esgueirando, andando de lado – como um caranguejo – e, num átimo de segundo, dá o seu fulminante e fatal ataque. A mariposa, como onívoro, já era. Agora, era o saboroso jantar da – até então – esfaimada predadora aranhinha!
Aplaudo e rio (Por favor, não sou um sádico – repito!) da aranhinha que, no momento, está levando a sua presa para o oásis do seu Saara. Agora – e livre do meu curioso olhar – descansa para saciar a sua fome ao degustar uma deliciosa (Hummmm!) Mariposa ao molho pardo!
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IMAGEM: GOOGLE