Flores, beija-flores e cafés

Sonhar não é pecado. Sonhar é de graça e faz bem a nossa alma. Não falo em "fantasias" ou "delírios" mas, em sonhos que desejamos realizar para nossas vidas e que todos nós temos porquê todos temos um ou outro "sonhozinho" guardado, ou também pode ser sonhos que necessitamos para continuar vivendo que, nada têm a ver com ilusão. Sou adepta do "sonho com os pés no chão" porque já me estatelei diversas vezes e sofri demais nesse Planeta chamado Terra.

Certa vez uma amiga falou que eu era muito "Quixotesca" e que vivia enfrentando moinhos de vento e, então comecei a policiar-me pra não ser taxada de "doida" por aí. Mas os sonhos quais refiro-me são reais, ao alcance de todos e o melhor: Totalmente grátis!

O mundo já anda tão sem graça que precisamos resgatar alguma coisa para nos manter vivos e, Deus nos dá essa possibilidade de enxergar o belo nas coisas mais simples da vida.

Caminhar é um dos melhores exercícios e bem que alguém pode fazer por si mesmo, por exemplo.

Descobri que existe uma infinidade de coisas e experiências que podemos adquirir em um simples passeio ao ar livre. Como eu descobri isso? Bem, não foi beeem uma descoberta. Uma amiga terapeuta me disse certa vez que eu caminha-se devagar na rua, sem aceleração ou cobranças do relógio. Que observa-se tudo em minha volta e que não só caminha-se preocupada com minhas pernas mas que meus olhos passea-se também e, que eu me concentra-se na minha respiração ao mesmo tempo que contempla-se cada paisagem a minha volta.

Foi o que fiz, comecei então observando os terraços das casas com aqueles canteiros de flores, na maioria vermelhas e os famosos bebedouros de beija-flor. Via também as velhas janelas arredondadas de madeira escura envernizadas para esconder a idade, com suas cortinas de renda branca ( cara de vó, mesmo ) e, lá estavam eles! Os pequenos beija-flores dançando no seu balé sincronizado e depois, em questão de segundos desaparecendo no ar. Tudo transmite paz e esconde de certa forma o que deve existir por detrás daquelas casas porque por fora pode até ser lindo, interiorano e tranquilo mas, só Deus sabe o que se passa na vida de cada um.

Ainda assim me iludo com as paisagens e penso nas coisas simples da vida que devemos dar valor. Enquanto vou andando sinto cheiros. Vários cheiros e, o principal aquelas horas da manhã é o cheiro de café. Posso estar enganada mas os cafés têm cheiros diferentes em cada lugar. Existe aquele cheiro mais forte, encorpado e existe um cheiro de café aguado, fraco mas que também nos convida do mesmo jeito. Às vezes eu fico me perguntando como será a impressão do cheiro que meu café traz às pessoas que passam por perto?

E o cheiro do café vem das casas mas vem também da padaria da esquina no seu ritmo frenético. Quantos sonhos existem em cada padaria? E, não falo daquele doce não mas, de sonhos reais em cada pessoa que se senta apressada e pede um cafezinho com pão na chapa. Cada pessoa têm seu sonho, sua pressa... Assim continuo minha caminhada pensando em flores, beija-flores e cafés. Permaneço longe e, sem a intenção de adentrar nenhum jardim, preferindo continuar a olhar a paisagem e imaginando que a maioria das pessoas são boas e acordam felizes e gratas. Ainda que depois da caminhada eu volte a realidade e prepare o meu próprio café pra encarar mais um dia de desafios, prefiro levar a vida assim, afinal uma caminhada não pode ser pesada e eu estou cuidando da minha saúde física e mental pois eu sei perfeitamente que na vida nem tudo são flores, nem beija-flores ou cafés.