A DINAMITE
Quando se diz que Deus nos protege num momento perigoso é a mais pura verdade. Vejamos este caso que aconteceu quando eu tinha apenas oito anos ou menos. Andando pela rua da minha pequena cidade no interior do Piauí, no tempo em que a prefeitura local mandou colocar paralelepípedos em algumas ruas, eis que encontrei uma pequena dinamite e a levei para minha casa com a intenção de detoná-la sem imaginar do perigo que esta atitude irresponsável poderia nos causar. Mas criança não pensa na consequência dos seus atos. Dito e feito. No momento em que cheguei, a minha irmã estava preparando alguns beijus para o jantar. O fogão era a lenha. Vendo aquelas brasas fumegantes não esperei outra oportunidade para a minha traquinagem. Lembro-me que a minha irmã estava bem distraída, lendo uma revista e nem percebeu quando enfiei aquela dinamite entre as brasas e num piscar de olhos jogou tudo para o alto com a explosão, chamando a atenção dos mais incautos vizinhos. Logo a nossa casa ficou superlotada de curiosos, tentando ajudar ou só saber que barulho enorme foi aquele. Neste ínterim, muito assustado e, praticamente surdo, eu já havia me escondido atrás de uma porta enquanto a minha mãe me procurava. Quando me encontrou, vendo o meu estado transtornado pelo susto da minha traquinagem, o meu castigo foi postergado quando tudo voltasse ao normal ou quase.