FUTEBOL DE BOTÃO
Os dois meninos, Zeca e Volnei, eram filhos da Duca, vizinha de frente da nossa avó Mariquinha, na Rua Henrique de Almeida Senior, em Curitibanos – SC. Ambos vinham à nossa casa para jogar futebol de botão com meus irmãos Beto e Odilon. A idade de todos variava entre 8 e 10 anos. Meus irmãos tinham mais que dois times que já não lembro quais eram, porém suponho que os mais badalados da época, Vasco e Flamengo estivessem entre eles.
Junto à entrada da cozinha havia uma salinha onde existia uma mesa que mamãe usava para passar roupa e era sobre ela que se desenrolavam acaloradas partidas entre os quatro, que se revezavam. Os jogos eram disputadíssimos e muito se torcia. Havia palmas, gritos e xingamentos, nada diferente do que ocorre nos estádios.
De vez em quando aconteciam brigas e ia-se às vias de fato, com empurrões, gritos de “ladrão” e choro. Quando isso acontecia, Zeca e Volnei ficavam muito ofendidos e iam para casa jurando não mais voltar. Na semana seguinte, lá estavam todos jogando uma partida, como se nada tivesse acontecido.
Meu irmão mais velho, o Beto, sofre de asma desde pequeno. Naquela época, tomava muita injeção. Logo achou uma finalidade para os vidrinhos de remédio que o farmacêutico lhe aplicava. Foram devidamente lavados e secados. Odilon ajudou-o a pintar em papel as camisas dos times do coração que foram coladas naqueles vidros. Criaram suas próprias agremiações de times locais que jogavam contra aqueles do Rio e de São Paulo.
Ah! Que tempo bom aquele em que o futebol de botão trazia tanta alegria e satisfação aos meninos da cidade pequena, onde não havia time famoso e nem estádio de futebol. Os mais afortunados jogavam ou assistiam a futebol de várzea, a conhecida “pelada”. Perto de casa não havia um campinho para essa finalidade, de forma que bater bola no quintal ou jogar botão eram as alternativas possíveis. E niguém se queixava...