MEU ETERNO PAPAI NOEL


Às vezes envergonho-me de confessar...

Mas entre vocês não há segredos.

Passei doze anos da minha vida acreditando em Papai Noel. Não me pergunte se enganava a mim mesma. Talvez...

Minhas amigas diziam claramente e sem nenhuma dúvida que não existia. Mas gente, meu Papai Noel era tão perfeito, tão pontual, tão atencioso, que eu não pude deixar de acreditar nele durante tantos anos.

Um dia,  depois de tantas afirmações contrárias, prometi que ia esperá-lo. Queria ter certeza que não era meu pai, mas no fundo, sabia que era ele, não queria talvez tirar dele esse prazer de "achar" que eu acreditava. Entendem???

Determinei: vou ficar acordada.

Lembro que ficava olhando para a porta...morrendo de sono. Olhava pra minha irmã, que dormia profundamente (ela, dois anos mais velha e metida a mocinha, me achava uma boba) e ficava ali, esperando, esperando...Quando entrasse no quarto eu fecharia os olhos e fingiria dormir...

Tudo em vão. Ele chegava exatamente quando eu dormia profundamente. Não tinha jeito. Isso se repetiu durante os anos que se seguiram. Ou o meu subconsciente dava uma martelada para que eu não visse o que na verdade não queria ver, ou realmente dormia vencida pelo cansaço. Não sei.

Bem, boba ou não, adorava ver meu presente embaixo da cama todo Natal. O sorriso dele pela manhã dizia claramente que estava feliz por eu ainda acreditar naquela doce fantasia.

Após os doze anos, claro, tinha certeza que não existia. Minha mãe, pra completar, reformou meu quarto e dessa vez, como eram estrados, não havia mais "embaixo" para ele colocar meus presentes. Pensei: "E agora? Meu sonho acabou mesmo, cresci, nunca mais ele deixará presentes na madrugada". 

E então, no primeiro Natal "pós-reforma", tinha certeza que acordaria sem meu presente. Lembro que dormi triste, pensando que não poderia mais olhar pra baixo da cama...

No dia seguinte, pra minha surpresa, meu "Papai Noel" havia colocado flores aos meus pés e deixado um presente junto. Dei um pulo da cama ao ver as flores... Foi inesquecível, afinal, ele parecia entender o quanto eu temia que desaparecesse da minha vida  e o quanto me fazia bem aquela fantasia, que ao meu ver era mais um aconchego...uma vontade de ter dele toda essa atenção. Finalmente  acho que curtíamos essa fantasia juntos.

Esse "Papai Noel" continuou essas entregas até meu casamento. Claro que não acreditava mais nele, mas acreditava em meu pai e no imenso carinho que sempre me passou com aquele gesto.

Acho enfim que encontrava no meu "Papai Noel" o amor e carinho que esperamos de alguma forma recebermos no Natal em forma de presente. 

Hoje,não acredito em presentes como forma de carinho, mas muito mais em carinho e atenção como verdadeiras formas de se amar e presentear. Sei hoje que foi exatamente isso que meu "Papai Noel" tentou me passar.

DESEJO UM NATAL MUITO ESPECIAL PARA TODOS E ESPERO QUE JAMAIS DEIXEM DE ACREDITAR NAQUILO QUE, DE ALGUMA FORMA, OS FAZEM FELIZES, MESMO QUE O MUNDO INTEIRO TENTE PROVAR O CONTRÁRIO.

FELIZ NATAL A TODOS.