M a n i n h a
SEMPRE rascunho minhas arengas para meu neto digitar na sua maquininha. Hoje ele que é gozador foi logo perguntando se era sobre a demissão do ministro de Lula ou sobre a derrota do Sport. Ri, realmente dois temas que poderiam ser comentados. Só que, de repente, após ouvir no tadinho de pilha à música de Rosinha de Valença, “Interior”, na voz da Rainha Bethânia, desisti porque me bateu forte a saudade do meu querido agreste e sertão pernambucano. Eu sou um matuto juramentado do interior. Essa música reacende a saudade, evoca emoções, lembranças, saudades…. Chego a marejar os olhos. Não é um grande poema é nem uma grande melodia. É mais que isso, é uma prece, uma oração, uma doce melancolia telúrica. Sim, sou refém da saudade, da nostalgia, adoro lembrar o meu interior. Sentir as emoçoes do passado. Vou transcrever a letra:
“Maninha, me mande um pouco/ Do verde que te cerca/ Um pote de mel/ Meu coleiro cantor/ Meu cachorro Veludo/ E umas jabuticabas// Maninha me traga meu pé de laranja-da-terra/ Me traga também/ Um pouco de chuva/ Com cheiro de terra molhada// Um gosto de comida caseira/ Um retrato das crianças/ E não esqueça de me dizer/ Como vai minha madrinha// E não se esqueça de uma reza forte/ Contra mau olhado/ E não se esqueça de uma reza forte contra mau olhado”.
Ah, saudade. Saudade tão grande. William Porto. Inté.