Catedrático da Mentira
ADORO ouvir mentira bem contada por especialista no assunto. Aquele que mente por prazer. O artista da mentira, que faz mangangás, muda de voz, enfim, faz da mentira uma arte. Mas detesto mentiroso pé rapado.
De todas as grandes mentiras que ouvi a que mais me fascinou foi contada por um catedrático da mentira em Pesqueira. Uma história sobre disco voador e extraterrestre.
Segundo esse expert em mentira, certo dia ao anoitecer estava num terreno baldio na periferia da cidade, sozinho e pitando um cigarrinho quando, de repente, apareceu no céu um grande prato voador que foi baixando, baixando até aterrisar bem pertinho dele. Ficou com medo mas se controlou. Então desceu do prato voador vários extraterrestres, todos parecidos com humanos. A única diferença era que eram carecas e não tinham orelhas, apenas dois buraquinhos no lugar delas. Eles o levaram com muita delicadeza para o interior da nave. Era lindo dentro. Coisa de primeiro mundo. Voaram pelo espaço sideral até chega no planeta deles, Aritnem. Um planeta lindo com várias luas onde não existia noite. Foi tratado como nobre. Imaginem as mordomias. Detalhe: apesar de carecas e não possuir orelhas, as mulheres desse planeta eram lindas e livres. Todo dia ele ficava com uma diferente, mas sempre dava preferência a Rainha do planeta (era governado por mulheres) chamada Acacam, com a aquiescência do marido dela o liberal Ocacam. Ela além de linda era perita em macetes mil. A comida era divina e o vinho espetacular. Se sentia um rei, mas depois de uns cinco anos começou a sentir saudades de sua terrinha. Aparteei perguntando de que ele sentiu saudades, respondeu sério que dos relógios da catedral e de sua vidinha na terrinha. Levou seu pleito à rainha e ela apesar de uma crise de choro foi obrigada a concordar, lá existe o direito do abduzido voltar. Assim depois de uma despedida caliente com a rainha ele foi mandado de volta. Perguntei se no mesmo prato, ele esclareceu que nas voltas é usado uma espécie de Pires voador, um Uber de Aritnem. No final ainda tentei embatucar o catedrático argumentando como é que ele passará cinco anos naquele planeta e a gente não dera pela falta dele. O catedrático riu e disse: - Eu sabia que você ia fazer essa pergunta besta. Olha, cara, no espaço o tempo é diferente um ano lá equivale a minutos aqui. Coisa de energia quântica e outros bichos que você não manja. Acendeu o cigarrinho e saiu tranquilo. Um artista. William Porto. Inté.