Preconceito
Preconceito
Qual é o conceito de preconceito?
“Preconceito é uma opinião formulada sem a devida reflexão ou exame crítico. Geralmente desprovida de qualquer fundamento, essa opinião acaba influenciando modos de pensar e agir, podendo determinar atos de intolerância contra pessoas ou grupos sociais”.
Há em nossa sociedade todo tipo de preconceito. É óbvio que o preconceito não vem no DNA do indivíduo. Na realidade ele é aprendido. Muitas vezes no seio do próprio ambiente familiar, onde acontece ações explicitas e implícitas que são percebidas e aprendidas ao longo do crescimento de uma criança. Penso, que se o ambiente em que ela cresce é saudável e sem preconceito, e lá se ensina o respeito a todos – sem distinção da cor da pele ou orientação sexual- estes valores estarão presentes na vida adulta deste futuro cidadãos(ãs).
Lembro-me de uma família com quem convivi boa parte da minha adolescência. Lá à casa era frequentada por uma grande turma de adolescentes pertencentes a diversas tribos sociais; tinha negro, chineses, japoneses etc., e meninas e meninos com opções sexuais diferentes da maioria, e não havia atrito, e nem desrespeito, muito menos preconceito - convivíamos em completa harmonia.
Hoje estão casados, e com filhos, ou simplesmente com seus parceiros de vida, mas felizes. A maioria conseguiu estudar, e aprenderam desde aquela época a se colocar no lugar do outro e o lema – respeito acima de tudo.
Nós, desta turma, devemos muito deste aprendizado aos pais deste casal de amigos da adolescência, donos, também de um sítio, onde vez ou outra, a gente se reunia – um médico e uma psiquiatra-. Eles, sem sombra de dúvida, enxergavam além de seu tempo, não se cansavam de nos ensinar o que era o conceito de cidadania e dar exemplos a nossa turma. Havia muita conversa- e através do diálogo tiravam inúmeras dúvidas nossas – próprias de adolescentes - aprendíamos muito e internalizávamos bons valores para a vida futura.
Respeito, tendo consciência essa premissa, fica difícil explicar os motivos que levam uma mulher branca partir pra cima de um entregador negro. Agressão física e verbal sem nenhuma justificava. Não há lógica que fundamente tal cena. Conforme noticiado nos principais jornais, após um vídeo viralizar (documentando a agressão), a vítima, um rapaz de vinte e poucos anos – negro e trabalhador da cidade do Rio de Janeiro. Felizmente está recebendo apoio e solidariedade de várias pessoas, inclusive financeira. Uma demonstração que ainda tem gente boa e consciente nesta sociedade. Não está tudo perdido, apesar de, como esse, vários casos de preconceito “pipocar” no Brasil todos os dias. E não é só nas classes menos favorecidas – há “figurões” da vida pública, também dando mau exemplo, melhor dizendo, não seguindo a lei. Mas há ainda quem respeita e se põe no lugar do outro, podemos tirar como base toda atenção e solidariedade que esse rapaz vem recebendo.
Não sabemos quantos não tiveram a mesma sorte que ele, e não puderam receber nenhum apoio – porque preconceito neste país acontece e muito, e nem sempre é feito um boletim de ocorrência. Quantos casos que acontecem e não são registrados?
Depois de perceber e presenciar várias atitudes preconceituosas no decorrer da minha vida, chego à conclusão que não aceitar - as diferenças da cor pele, as escolhas sexuais, e a discriminação também dos mais idosos - faz parte do inconscientes destes agressores, e se transformam em valores distorcidos, adquiridos, por presenciarem adultos (provavelmente pais) em cenas de atitudes claras de preconceito e outras ações subliminares no decorrer da infância e da adolescência – desde seus primeiros momentos de vida no seio familiar, e assim se tornam “inconscientes” e inconsequentes criminosos – porquê preconceito é crime, e está previsto na constituição Federal de 1988 no Artigo 3, inciso XLI.
Atualmente, penso que na realidade o preconceito maior – é o da pobreza, essa sim, potencializa todos os tipos de preconceitos. Veja - o indivíduo que tem posses, bem materiais é aceito em qualquer ambiente social – independentemente da sua cor de pele, ou preferência sexual. Mas se ele é pobre, como o rapaz citado na reportagem, ele é alvo de preconceito. Justiça para esse rapaz e para todos os cidadãos(ãs) que sofrerem qualquer tipo de preconceito!