Homenagem à PANAMBI.
Bom dia ELDO, primo Véio!
Como vão as coisas por aí?
E nosso querido Panambi? Sempre tranquilo? Nessa mansidão apenas o barulho das bolas de bocha que batem forte nas pranchas e no 'bólinho'?
Ainda tem esse jogo por aí ou a IDA (para outra morada) do tio Epimaco e do nego Veth silenciaram as jogatinas?
Lembro-me do lugarejo rodeado do verde pela plantação de soja e pelas pegadas das rodas das bicicletas tão bem utilizadas na região.
Lembro-me do imenso barracão de armazenamento de grãos ou de abrigo às potentes máquinas de descascar o arroz.
Um povo simples que só vestia a roupa nova para ir à Igreja ou nas festas casamenteiras nas fazendas da redondeza.
Lembro-me de minha hospedagem. Bela recepção naquele casarão de esquina, todo em alvenaria, que nas manhãs enchia minhas narinas pelo cheiro delicioso do café preparado com a adesão de chipas e roscas tão bem preparados pela querida tia Rosa.
Enquanto isso, o tio Epimaco, preparando-se para as visitas nos seus lotes já experimentava um prato sortido pela mistura entre ovos, arroz e carne de panela.
Esse é o PANAMBI que ficou na minha memória.
Tempos de puro deleite para um guri de calça desgastada pelo leve pincel da natureza que lhe dava um tom marrom pela presença da poeira avermelhada que se desprendia daquelas ruas ás vezes poeirenta, ás vezes barrenta.
Muita saudade naquele tempo. A mistura de sensações com o porvir da lembrança um pouco mais remota vinda do casarão de tábua do tio José da Cruz, aonde se estabelecia um Cartório e mais tarde um armazém sortido com guloseimas e sacos de mantimentos.
Ali, naquele terreiro imenso dei as minhas primeiras pedaladas naquelas bicicletas de pneus finos, mas bem cuidadas especialmente pelo dono: Nelson Machado da Cruz que munia sua magrela com todos os aparatos e novidades da época como buzina e dínamo na produção de energia para alimentar e acender a lanterna dianteira.
Aos fundos do casarão de alvenaria do meu tio Epimaco, em terreno cedido de sua propriedade estava instalado o campo de futebol do Palmeirinha.
Ali o Veth e o Pedrão eram os Reis da bola.
Veth com o seu potente chute de esquerda e o Pedrão com a sua voluntariedade e vivacidade atemorizava os atacantes adversários com as suas 'chegadas' na bola, com a elegância que se podia compará-lo ao Gamarra da seleção paraguaia.
PANAMBI era assim charmoso, ordeiro, pacato, de gente hospitaleira, de um povo simples, mas, respeitoso e admirável pela seu espírito de recepção quando eram os anfitriões.
Achei que devia fazer esta homenagem como gratidão aos bons (e efêmeros) tempos que eu compartilhava na minha meninice já que ainda era estudante e recebia esse prêmio de visitar Panambi em minha férias.
GRATIDÃO a esse lugar tão prendado e que me deu tanta alegria na minha infância.