Nada de novo
Assistindo o filme ganhador do Oscar desse ano, me impressionei demais com a atuação do soldado protagonista (Paul Baümer), principalmente com suas mudanças ao longo da trama ... seu antes e depois da guerra. Logo no início do filme, é possível verificar isso através da empolgação da personagem quando descobre que foi convocado e recebe as primeiras instruções de seus líderes. Ele imagina que defender a pátria será uma grande honra e que ao desfilar com as tropas, pós guerra, pelas ruas de Paris, (como é altamente inserido na mente dos soldados) será condecorado, reconhecido e reverenciado pelos seus feitos; isso se torna um verdadeiro propósito de vida para ele... que fica cantarolando uma canção para tal momento, juntamente com seus companheiros, amigos que se alistaram, entusiastas como ele, mas não tanto quanto. Ao longo da história podemos constatar sua frustração, suas perdas, o brilho do olhar se apagando... e o que os horrores da guerra despertam e acabam provocando nele. Fazendo um paralelo com o filme, lembrei de mim mesma ainda menina, da minha intensidade nata que sempre me projetava a incorporar uma empolgação diferenciada dos demais, nutrindo um "tesão " pela vida, incompatível com a realidade, o que causava estranheza para os que conviviam comigo. Eu tinha tantos sonhos... uma fome pelo saber, uma gana por crescer e alcançar todos meus objetivos, eu queria ser muitas coisas e todas elas ao mesmo tempo... e dizia que iria dar muito orgulho a todos, caso alcançasse tudo isso. Ledo engano... a vida me projetou para outros lugares e situações... e tudo que isso envolveu... como a aproximação com alguns... acarretando consequências irreparáveis para mim e minha família... não é que tudo tenha dado errado, mas como acontece com todos nós, as coisas precisaram não dar muito certo, até descobrirmos o melhor rumo. Vivenciamos dias rudes, passamos algumas dificuldades, sofremos a toxicidade com a proximidade de certos "membros da família " ... suas ambições e desejos escusos... todo solo que a gente trilhava e tentava germinar, era contaminado pelas ervas daninhas dos que nos perseguiram. Eu já havia escutado antes: "Seja bom, mas não tão bom assim." E pela bondade e ingenuidade em acolhermos pessoas que não tinham boas intenções conosco, acabamos sofrendo de diversas formas. Tentamos ficar "nas trincheiras" defendendo nosso terreno, mas de nada adiantou, pois estava todo minado. Hoje, com o olhar mais lúcido, pós vivenciar esses " terrores" de nossa guerra particular, vivo uma vida reclusa e distante desses tipos de pessoas... nunca estiveram aptas a mudar e até os dias atuais, estão "armadas " até os dentes e sedentas por conflitos. Mas como diz um velho e bom ditado: " Se quer paz, prepare-se para a guerra." Eu fui... não fugi do combate... sobrevivi, e voltei com um novo olhar. Muitos dizem que me tornei uma pessoa amarga... as mesmas que não provaram o amargo que tive que provar goela abaixo. Prefiro degustar poesia, ela sempre foi minha estrela guia.
👉🏻 Quem vai à guerra nunca mais é mesmo, mas pode criar uma nova jornada.