PORQUE ODIAVA O DIA DAS MÃES
Tive uma infância conturbada, especialmente por conta das desavenças dos meus pais que perturbaram por muitos anos e afetaram bastante a minha relação com ambos. O tempo foi seguindo e acabei me tornando redator de propaganda bem cedo, já com uns 15 anos (hoje meus textos não vendem mais produtos, são utilizados nos livros produzidos pela minha editora). Quando estava trabalhando em agência, abril era sempre um mês complicado, pois tinha que fazer anúncios para o Dia das Mães, enaltecendo as progenitoras. Mas como a relação com a minha era bem difícil, penava pra datilografar (bons tempos...) os títulos e textos que retratavam uma história bem diferente da que tinha com a Dona Rosa. Aqueles períodos eram um inferno pra mim, odiava com todas minhas forças. Passaram bons anos e no final da vida dela pudemos curtir uma gostosa relação de mãe e filho, colocando pontos finais nas turbulências do passado. Tinham alguns percalços, poucos, certamente derivados dos tempos remotos, mas conseguíamos trocar afeto e cuidados na maioria das vezes e tocávamos o barco assim. Tivemos muitos encontros felizes quando ela cumpria as últimas etapas do seu roteiro, que guardarei pra sempre com carinho e saudade. Com a proximidade do Dia das Mães, resgatei do baú lembranças de tudo isso. Nesse emaranhado de imagens e sensações que vieram à tona, não posso mais dar um beijo nela, que pena. Mas posso sentir o quanto faz falta a sua voz, o seu sorriso, a sua presença forte, o seu tudo. Te amo mamãe, esteja onde estiver. Fique com Deus. Dia desses nos reencontraremos, mas não tenha pressa disso. Até lá!...