Meus antídotos
Chegou!
Lá vem ela.
Sem pena.
Rasgando sem dó, a dor.
Sempre vem depois de um ato ou uma palavra do outro ali, aqui, acolá., não muito boa de ouvir ou sentir.
- Nem ligo - digo dentro de mim, em voz alta.
- Mentira! - grita em meu pensamento, minha alma.
Por mais que me blinde, há impacto.
Impossível não ferir.
Lembro que ainda estou em processo de evolução, meu irmão.
Ela vem, também, de um sonho ainda não realizado.
De um amor frustrado.
De números vermelhos no caderno, de contas, dourado.
Vem de notícias impactantes dos telejornais;
Como a fome, a violência, a desigualdade a intolerancia.
Eu sei.. eu sei....o sofrimento do outro, não é meu, mas me abala. Fazer o quê? Sentir.
E daí, meu amigo é avassaladora, a dita.
Mexe com os pensamentos.
Provoca reações incontroláveis no corpo.
Desregula o humor.
E leva a energia abaixo de zero.
Um estrago em forma de sentimentos pesados.
Mas, como "envergo mais não caio".
Deixo ela entrar, sentar e se acalmar; digo, a dor.. não é dela que estamos falando?
E, após acomodada, respiro e recorro aos meus antídotos contra a dor; meus amigos nessas horas tão desertas.
É cafezinho.
É vídeos de bebês.
É foto de flores.
É poesia de Manoel de Barros.
É música dos Gilsons.
É mantra de Beth.
É banho de alfazema.
É palestra de Chico.
É mensagem especial de uma amiga.
É a voz da minha mãe ao telefone.
Pronto!
Fortaleci!
Dona Dor, pode ir, o seu o seu tempo se esgotou por aqui.
Ah! Eu quase esqueci.
Vou mudar.!
Espero nunca mais te encontrar, mas se insistir e me achar, vai ter trabalho em me abalar.