A vespa

 

Aluu! Inuugujaq meus caros 23 fieis leitores e demais 36 que de quando em vez passam aqui pela minha marginal literária a fim de ler crônicas adoecidas pelo trânsito. Ajuungila?

 

A vespa forçou a cabeça e quebrou a asa, indo pra casa dar banho nos cachorros da madame, sua patroa, que não era boa, mas feia e tosca. A vespa então comprou uma vespa e corria veloz pelas ruas de São Paulo, driblando o trânsito engarrafado na marginal do Tietê. Um mal educado abriu a janela do carro e gritou: Vai se fu...

 

Oh meu Deus, mas o que que é isso, barbaridade!!! Não se pode nem mais andar de boas por essa rua fétida e suja nesta cidade, cheia de gente feia e aborrecida, sem receber insultos, ainda por cima? E tacou seu ferrão no louco e matou o cara. Bom, esse nunca mais vai se meter a doido com uma vespa em sua vespa pelas avenidas da capital econômica do Brasil: foi pra PQPariu.

 

Vamos matar a verruga? É sim ou não! Sem essa de ficar em cima do muro, tá? Eu já matei várias, sou um tremendo e eficaz verrugocida, mega impiedoso. Matar verrugas é mais fácil do que matar paulistas incomodativos na Tietê, a não ser que tu sejas uma vespa numa vespa. Mas se tu és um bundão ou uma bundona, que vá lavar os cachorrinhos da madame feia e tosca que, ainda por cima, é louca. Só a aguenta a vespa, que é psicopata e não sente nada, não é louca e nem atinada, não tem tias e tampouco sente simpatias.

 

A vespa, aliás, foi no velório do paulista e levou suas amigas cigarras para fazer algazarra e se vangloriar de seus feitos. As cigarras fumavam cigarros, mas não a vespa, que adora cachimbo. Todas, depois, foram fazer fumaça e realizar um sarau em cima de uma árvore e liam crônicas de Clarice Lispector, a fim de posarem de intelectuais de gosto requintado. Escolherem a hora e o local errado: um funcionário da prefeitura, que odeia literatura e forra as gaiolas de seus passarinhos com páginas de A Hora da Estrela, passou por lá e borrifou veneno na árvore, matando a vespa e suas amigas cigarras e também mosquitos da dengue, que, embora alvo do barnabé, não tinham nada a ver com o lance da vespa e das cigarras e do paulista e da madame e dos cachorros e somente estavam ali de bobs, enquanto não aparecia um braço sarado convidativo e desnudo ou mesmo panturrilhas ou coxas grossas.

 

O servidor municipal nem pensou em se vangloriar e tampouco se deu conta de que matara as amigas junto com os mosquitos, apenas levou o cachimbo da vespa como recordação, pois o achou tri maneiro. E assim acaba a história.

 

Quem vai agora lavar os cães da madame feia e tosca e matar paulistas mal educados no trânsito insuportável da Tietê? Ninguém! Esse mundo não terá mais solução, fará muita falta a vespa, mesmo que ninguém tenha ido no seu enterro. Apenas um passarinho sentou num galho da árvore e defecou em cima de seu corpo, como homenagem da natureza por tudo o que ela representou em vida.

 

O funcionário se aposentará na semana que vem e pensa em ir morar no litoral carioca, onde fumará seu cachimbo novo à beira mar. A madame foi internada no melhor hospício da capital depois que uma vespa desgovernada atropelou e matou seus cachorros de madame. A família do paulista vive de sua pensão do Banco do Brasil e a viúva, ainda muito nova e muito gostosa, comprou um carro zero e um marido novo com as economias que fez ao ficar com o dízimo que o falecido dava para o pastor da igreja.

 

Agora é o fim mesmo. Até eu já enchi o saco com essa história. Vão dormir, vão.

 

Qujanaq por terem dado uma passadinha por aqui hoje. Takuss"!

 

 

 

 

----- * -----
 

Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.


MAIS TEXTOS em:
http://charkycity.blogspot.com

(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina
Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".)

CARTA ABERTA aos meus caros 23 fieis leitores: 
https://www.recantodasletras.com.br/cartas/3403862

GLOSSÁRIO KALAALLISUT:
Aluu - Olá.
Iterluarit kumoorn - bom dia.
Inuugujaq - Boa tarde.
Ajuungila - Como estão?
Qujanaq - Obrigado.
Takuss' - Até mais.

Antônio Rollim Fernando de Braga Bacamarte